Kandinsky iniciou carreira trabalhando com a arte concreta e aos poucos foi migrando para a abstrata. Essas duas fases produziram obras muito características, e transponho para cá uma citação e um quadro de cada umas dessas fases. (Você pode clicar nas imagens para vê-las em formato ampliado.)
"Partimos da ideia de que, para além das impressões que recebe do mundo exterior, da natureza, o artista acumula continuamente experiências de seu mundo interior. Nós procuramos formas artísticas que exprimam a interpretação de todas estas experiências, formas que devem ser libertas de tudo o que é acidental, a fim de expressar fortemente apenas o que é necessário."
Quadro "Par a cavalo" / "Couple Riding" (1906)
“Fiquei em certa ocasião encantado com uma visão inesperada no meu ateliê. Era aquela hora em que o crepúsculo avança. Regressava a casa com a minha caixa de tintas...e subitamente vi um quadro incrivelmente belo, banhado por cores interiores. Primeiro, fiquei parado, mas depois aproximei-me rapidamente deste quadro misterioso, no qual apenas discernia formas e cores e cujo conteúdo me era incompreensível. Logo encontrei a chave do enigma: era um quadro meu, encostado de lado contra a parede. No dia seguinte tentei, à luz do dia, recriar a impressão que o quadro evocara em mim naquele fim de tarde. Apenas o consegui em parte: mesmo de lado, reconhecia sempre os objetos e faltava-lhe o véu sutil do crepúsculo. Compreendi então que o objeto prejudicava meus quadros... Sentia cada vez mais precisamente ser o desejo interior do sujeito que determina imperiosamente a forma...a separação do domínio da natureza fez-se para mim cada vez mais, até que me foi possível considera-los cada um em si mesmo, como absolutamente distintos.”
“Fiquei em certa ocasião encantado com uma visão inesperada no meu ateliê. Era aquela hora em que o crepúsculo avança. Regressava a casa com a minha caixa de tintas...e subitamente vi um quadro incrivelmente belo, banhado por cores interiores. Primeiro, fiquei parado, mas depois aproximei-me rapidamente deste quadro misterioso, no qual apenas discernia formas e cores e cujo conteúdo me era incompreensível. Logo encontrei a chave do enigma: era um quadro meu, encostado de lado contra a parede. No dia seguinte tentei, à luz do dia, recriar a impressão que o quadro evocara em mim naquele fim de tarde. Apenas o consegui em parte: mesmo de lado, reconhecia sempre os objetos e faltava-lhe o véu sutil do crepúsculo. Compreendi então que o objeto prejudicava meus quadros... Sentia cada vez mais precisamente ser o desejo interior do sujeito que determina imperiosamente a forma...a separação do domínio da natureza fez-se para mim cada vez mais, até que me foi possível considera-los cada um em si mesmo, como absolutamente distintos.”
O título do posto "Ponto, Linha, Plano" vem do título de um dos livros de Kandinsky, lançado em 1926.
Resumo: adorei não ter encontrado a professora.
Kandinski é a vanguarda do abstracionismo nas artes plásticas. Gosto bastante das obras dele, apesar de achar que o abstracionismo, como legado artístico, acabou descambando posteriormente pra outros lances, como a arte contemporânea por exemplo, aos quais sou bastante cético [se é que se pode haver ceticismo em relação à arte... rsrsrsrs] Mas enfim, tenho umas opiniões sobre isso que acho que não vão caber aqui, um dia a gente conversa melhor. =PP
ResponderExcluirAdemais, eu acho muito bacana quando o conhecimento bate à porta por acaso, quando a gente descobre certas coisas [e se encanta] simplesmente porque achou um livro legal, viu aquele documentário zapeando na TV ou deu de cara com uma palestra sem querer. =PP
Abraços,
Igor
rsrs. Que pessoinha mais culta!! Obrigado.
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