Passei os últimos quatro dias revirando todos os meus pertences. Troquei posição de móveis, tirei quadro da parede, coloquei quadro na parede, fotografias, poster, cartões postais e prateleiras. Comprei várias coisas legais que não conseguia mais viver sem e cortei o cabelo (agora estou parecendo um soldadinho orelhudo).
Algumas coisas mudaram e muita coisa foi pro lixo. Mas esse post é pra comemorar das relíquias que foram encontradas. Eis uma abaixo, de quando tinha 16 anos e a professora de filosofia pediu para comentar uma frase de Aristóteles. Senti orgulho de mim mesmo.
"Somos aquilo que fazemos consistentemente. Assim, a excelência não é um acto, mas sim um hábito" - Aristóteles.
"Somos aquilo que fazemos consistentemente". Essa frase diz que nosso presente é a construção do que fizemos ao longo de nossa história, que nosso hoje é uma consequência do ontem, num encadeamento que não se pode fugir. Que nossa maneira de agir reflecte a maneira do pensar, nossa mentalidade e personalidade, pois o que nos torna humanos é justamente a característica de não termos apenas um caminho, mas sim, SEMPRE, uma pluralidade de caminhos e escolhas a fazer e que traçam o rumo do nosso futuro. Nossas escolhas são o que nos definem, não apenas para o expectador externo, mas principalmente para o sujeito da ação.
"Assim, a excelência não é um acto, mas sim um hábito". Essa segunda parte da citação oferece uma definição para "excelência". Ao articulá-la com a primeira parte, percebemos que a excelência é atingida quando agimos como nós próprios, e não como pessoas volúveis, que mudam de opinião assim como quem muda de roupa, e com sorrisos e palavras amargas faz de ventríloquo a interesses que se põem como mais importantes que a retidão de caráter.
Concluindo, esta frase sugere que o melhor comportamento é atingido quando agimos de acordo com a nossa própria moralidade, dizendo aquilo que pensamos, revoltando-nos quando não concordamos com algum pensamento e sendo, acima de tudo, honestos com nós mesmos. Quando mesmo no turbilhão das emoções ainda lembramos que podemos escolher por sermos nós mesmos. Essa posição está em sintonia com a defendida pelo padre António Vieira, que defende o "ser" e não o "parecer", sendo, por isso, contra as diversas máscaras utilizadas por pessoas oportunistas que não têm coragem, e nem lhes é conveniente, assumir uma posição e manterem-na, mudando conforme as oportunidades se apresentam melhores ou piores.
Rodrigo Colpo, 11º ano, Liceu São João do Estoril.
sua visão filosófica é brilhante garoto ^^
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