sábado, 14 de agosto de 2010

Relíquias do passado

Passei os últimos quatro dias revirando todos os meus pertences. Troquei posição de móveis, tirei quadro da parede, coloquei quadro na parede, fotografias, poster, cartões postais e prateleiras. Comprei várias coisas legais que não conseguia mais viver sem e cortei o cabelo (agora estou parecendo um soldadinho orelhudo).
Algumas coisas mudaram e muita coisa foi pro lixo. Mas esse post é pra comemorar das relíquias que foram encontradas. Eis uma abaixo, de quando tinha 16 anos e a professora de filosofia pediu para comentar uma frase de Aristóteles. Senti orgulho de mim mesmo.


"Somos aquilo que fazemos consistentemente. Assim, a excelência não é um acto, mas sim um hábito" - Aristóteles.

"Somos aquilo que fazemos consistentemente". Essa frase diz que nosso presente é a construção do que fizemos ao longo de nossa história, que nosso hoje é uma consequência do ontem, num encadeamento que não se pode fugir. Que nossa maneira de agir reflecte a maneira do pensar, nossa mentalidade e personalidade, pois o que nos torna humanos é justamente a característica de não termos apenas um caminho, mas sim, SEMPRE, uma pluralidade de caminhos e escolhas a fazer e que traçam o rumo do nosso futuro. Nossas escolhas são o que nos definem, não apenas para o expectador externo, mas principalmente para o sujeito da ação.
"Assim, a excelência não é um acto, mas sim um hábito". Essa segunda parte da citação oferece uma definição para "excelência". Ao articulá-la com a primeira parte, percebemos que a excelência é atingida quando agimos como nós próprios, e não como pessoas volúveis, que mudam de opinião assim como quem muda de roupa, e com sorrisos e palavras amargas faz de ventríloquo a interesses que se põem como mais importantes que a retidão de caráter.
Concluindo, esta frase sugere que o melhor comportamento é atingido quando agimos de acordo com a nossa própria moralidade, dizendo aquilo que pensamos, revoltando-nos quando não concordamos com algum pensamento e sendo, acima de tudo, honestos com nós mesmos. Quando mesmo no turbilhão das emoções ainda lembramos que podemos escolher por sermos nós mesmos. Essa posição está em sintonia com a defendida pelo padre António Vieira, que defende o "ser" e não o "parecer", sendo, por isso, contra as diversas máscaras utilizadas por pessoas oportunistas que não têm coragem, e nem lhes é conveniente, assumir uma posição e manterem-na, mudando conforme as oportunidades se apresentam melhores ou piores.

Rodrigo Colpo, 11º ano, Liceu São João do Estoril.

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