Nesse post apresentamos uma entrevista concedida por Francisco Bressy Junior, psicólogo e ateu bem resolvido, onde conversaremos sobre religião, deus e seus símbolos, e do papel dessas instituições como formadores da identidade.
Nascido numa familia de religião plural, com o pai evangélico, a avó católica, e a mãe frequentando um centro de umbanda. Iniciou a primeira comunhão, mas foi na igreja evangélica onde mais se envolveu com o mundo da fé... antes de abandoná-la.
Rodrigo Amarante Colpo: Como foi o processo para que você abandonasse a religião?
Francisco Bressy Junior: Com o tempo eu comecei a perceber que a ideia de deus oferecida pela religião [evangélica] e a prática das pessoas eram incoerente com o meu deus, ou melhor, com a minha construção de deus. Deixei de conseguir estabelecer uma relação entre essas ideias: a ideia geral de deus, a minha ideia de deus, e a prática geral das pessoas. Deixou de fazer sentido pra mim.
Foi quando eu comecei a questionar os valores que eu tinha introjetado enquanto tinha deus em minha vida: não roubar, não matar, respeito ao próximo, amor. Foi essa a parte mais difícil, pois quando você cresce tendo a religião como referência, roubar passa a ser errado simplesmente porque deus castiga. É bastante simplório, mas deus passa a ser referencia do sim e do não. Do certo e do errado. Deus interfere de uma maneira muito ampla nos nossos valores.
RAC: A concepção de deus daria os princípios morais básicos para as pessoas se comportarem, e sem deus ficamos sem essas referências que partiriam do externo?
FBJ: É claro que esses não são todos os casos, é apenas uma fração deles onde as pessoas têm dificuldade em estabelecer esses princípios sem se referir a deus. Essas foram questões muito difíceis para um adolesce de 14 anos, que não tinha muitas referências sem ser essa. As pessoas que estavam a minha volta também tinham apenas essa referência. Foi bastante doloroso.
RAC: Quer dizer que para você conseguir estar firme nessa posição cética você teve primeiro que passar por essa reformulação de si? Ser capaz de criar os próprios princípios, baseados nas suas vontades, necessidades e desejos? A moral a qual as pessoas se apegam seria por não conseguir construir uma própria?
FBJ: Quando você começa a desenvolver a lógica, você logo percebe que deus não é lógico, mas consegue conviver com isso. Tipicamente passamos por essa fase de questionar o mundo na adolescência, e essa época foi fundamental para eu amadurecer e formar uma personalidade própria, assim como é para todas as pessoas, e as críticas sobre esses assuntos foram sim fundamentais para minha formação. Quando você usa deus como referência, você faz um tipo de construção. Quando você deixa essa ideia de lado, você tem que reelaborar seus valores.
Deus é uma ideia muito antiga. Quando o homem começa a ter uma relação diferente com o mundo daquela que têm os animais, passamos a ter como mediação entre as coisas e as nossas necessidades, o nosso pensamento, a abstração. Passamos a perceber o mundo de uma forma não imediatista. Surge a noção de tempo, de significado, de sentido, e ai eu penso que para esse homem antigo a ideia de deus surge como uma solução fantástica, uma estratégia para dar significado a tudo, porque ele começa a pensar o mundo e esse mundo é destituido de significado perante a morte.
Quando falo do meu ateísmo, a primeira questão que costumam me fazer é sobre a morte: “Então para você morreu, acabou?”. Eu entendo que exista uma dificuldade com essa questão, mas para mim isso nunca foi desesperador. Como disse, o mais difícil foi manter os valores que eu tinha construído sobre os alicerces de deus e da religião.
Então surgiria deus para dar significado a vida e introduzir reguladores sociais baseados na moral. Que outro animal tem a moral na estrutura social? É certo que há regras sociais baseadas na hierarquia, mas é completamente diferente. O homem tem capacidade para fazer perguntas ao mundo, mas se vê constantemente perdido na busca por respostas.
RAC: Há diversos círculos em que deus é utilizado sistematicamente como uma válvula de escape para quando a resposta parece inacessível. Dependendo do assunto em discussão, podemos ouvir com alguma frequência argumentos de autoridade que se resumindo a “porque Deus quer”. Mas a ciência já explica muitas questões que antes eram deixadas para deus, e vemos a ciência passar a ocupar, cada vez mais, um papel semelhante a da religião na vida de muitas pessoas, com o “porque um cientista falou”.
FBJ: As pessoas precisam de respostas, e elas buscam isso em toda parte.
Quando ao tópico anterior, parece que minha visão não explica tudo, porque temos ao longo da evolução humana, muitos milhares de anos, e houve um desenvolvimento cultural e biológico nesse meio tempo. Como se explicaria o apego a uma ideia tão antiga?
Quando se fala de desenvolvimento cultural de um valor que vai passando de geração em geração, como são exemplos os valores morais, falamos de ciclos muito difíceis de serem quebrados. E porque as pessoas não mudam no mesmo ritmo que o desenvolvimento tecnológico e científico? Simplesmente porque as velocidades de transição não são as mesmas, pois as novas tecnologias e a religião interagem com partes muito diferentes do organismo psicológico de todos nós.
Existem algumas teorias dentro da própria ciência que ajudam a explicar esse fenômeno. A herança multifatorial, por exemplo, fala da relação entre nossos genes e o meio ambiente, o que pode afetar o nosso comportamento. Os genes são os mesmos ao longo de toda a nossa vida, mas eles podem vir a ser ativados ou desativados de acordo também com fatores ambientais, sejam eles hormonais, infecciosos ou até do nosso estado de espírito. Ou seja, o ambiente é sim um critério de modificação gênica, que deixa marcas que vêm depois a afetar as próximas gerações.
RAC: A seleção natural, baseada na adaptação, fornece também algumas pistas sobre como a necessidade de deus pode ter passado através dos genes. Por exemplo, uma pessoa em risco eminente de morte e que acredita numa proteção, qualquer que ela seja, terá mais chances de sobrevivência que uma que pensa estar só. Ocorre que nossa mente evoluiu para ser lógica, e basicamente nos tornamos a espécie dominante devido ao nosso cérebro. Portanto, nós avaliamos probabilidades e prevemos comportamentos. Nessa situação de risco acreditar na sobrevalência da pequena chance de sobrevivência, devido a uma interferência externa, é uma vantagem evolutiva. Assim, aquele que crê tem, efetivamente, mais chance de sobreviver e passar seus genes adiante.
FBJ: Sim, é uma outra visão.
RAC: E se a crença em deus é geneticamente motivada, o que levaria algumas pessoas a acreditarem e outras não? Será que as pessoas que questionam a existência de deus não têm tantos apegos emocionais a essa ideia, ou tenham uma visão mais complexa do mundo?
FBJ: É muito difícil falar sobre isso porque pode parecer soberba, e a condição de quem acredita é a mesma de quem não acredita. Não somos diferentes uns dos outros. É apenas um posicionamento diferente que, na minha opinião, traz apenas uma elaboração emocional pouco maior sobre questões como o que é a vida e a morte. Mas isso não se reflete, necessariamente, para outras questões de mundo. Somos todos igualmente bons e competentes.
RAC: Mas é fato que existe uma diferença de paradigma a partir do qual você encara o mundo. Quais são algumas dessas diferenças?
FBJ: Acho que quem não acredita em deus é menos preconceituoso, não só sobre as religiões dos outros, mas também sobre outros aspectos aparentemente alheios à religião. Talvez eu esteja me tomando como exemplo, mas é fato que eu não me sinto pertencente a nenhum grupo especial. Eu não vou nem para o céu, nem para o inferno. Não acredito que meu destino seja diferente ao de qualquer outra pessoa. Não acredito em pecados, mas em relações simbólicas que as pessoas têm com o mundo. Por isso, me sinto pertencente e pertencido à Natureza, onde não há lugares especiais.
E isso é de cada um. Eu percebi que a ideia de deus não é valida para mim, mas para muitas pessoas deus e a religião são uma necessidade. Faz parte da forma delas de elaborar o mundo, e existe uma vantagem psicológica em acreditar em deus.
RAC: E será que as pessoas que crêem em deus acabam externalizando parte da responsabilidade das suas próprias vidas, seja quando pedem ou agradecem por alguma “graça”, como se não fossem elas as responsáveis, seja quando maldizem deus quando algo de ruim lhes acontece? E os ateus, não acreditando nessa entidade, acreditariam mais em si, quando se tornam inteiramente responsáveis por aquilo que fazem, sejam essas coisas ruins ou boas?
FBJ: Quando falamos em biologia, a quê isso lhe remete?
RAC: Ao estudo da vida.
FBJ: Sim. E se eu lhe falar de outros temas que lhe são familiares sempre haverá algo com o qual você associe, que está ligado com a forma como você se relaciona com o tema em si. E na psicologia uma questão fundamental é o simbólico, de forma que não posso afirmar que não acreditar em deus implica numa falta de responsabilidade pelos atos, embora tenha certeza que isso aconteça com alguns crentes.
Eu mesmo sou cheio de defeitos, como qualquer outra pessoa. Há momentos em que eu duvido daquilo que posso alcançar, mas tento acreditar nas minhas forças. Busco ter consciência dos meus defeitos e limitações, que podem ser de ordem genética, ou devido a minha história de vida. Mas o como se formaram as fraquezas e sucessos é irrelevante. O que importa é a relação simbólica que você estabelece com esses fatos, e deus é simbólico.
RAC: "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você" - Sartre.
FBJ: Exatamente. O mundo é simbólico e algumas pessoas precisam de alguns símbolos. Não há problemas com isso. Entretanto, tenho dificuldade em lidar com pessoas que acreditam que a sua verdade é a verdade do outro, e me preocupam pessoas com um ferfor religioso exacerbado, pois essas pessoas geralmente têm certezas que querem impor aos outros. E eu também tenho as minhas certezas, mas são certezas diferentes. Elas têm que incorporar a ideia do outro ao seu mundo.
RAC: E a questão da morte, pode falar um pouco mais sobre isso?
FBJ: (risos) Quando eu era criança tinha um funk que dizia “morreu, fedeu”. Isso tinha uma mensagem: “morreu, acabou”. Mas na Natureza nada desaparece, apenas passa a existir de uma outra forma. O desespero das pessoas é em aceitar que passarão a existir no mundo de uma outra forma que não essa. Mas elas poderão até participar de outras formas de vida.
RAC: Sem dúvida a forma como nossa matéria passará a existir no mundo mudará depois da morte. Mas não te angustia a falta da TUA continuidade?
FBJ: Sou assumidamente alguém que deseja ter filhos. Acho que essa é a forma natural de continuidade. Não preciso buscar por outras formas fantásticas de alcançar essa continuidade.
RAC: “Ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore”. É sobre isso que estamos falando?
FBJ: Sim. Essas são formas de continuar no mundo. Pretendo um dia escrever um livro. Na verdade, não sei se tenho capacidade para tanto, mas sei que tenho capacidade para fazer um filho, então vou investir nisso (risos). Mas você também pode permanecer no mundo pela ação, pelo exemplo, lutando por um mundo melhor, e eu acredito que cultivo essas atitudes.
RAC: Você acredita que a morte trás angústia para as pessoas por pensarem que assim deixarão de fazer parte do mundo?
FBJ: O animal não pensa na morte, o animal só vive, ou seja, existe uma condição biológica em resistir à morte. Entretanto, o animal não tem o cérebro para elaborar essas questões.
RAC: Quer dizer que o cérebro poderia ter conferido a nós um instrumento para resistir à morte utilizando a figura de deus? Racionalizando assim a resistência biológica e natural à morte?
FBJ: Também. Deus tem vários significados, e esse é um deles. Acredito que os mais importantes sejam elaborar a morte e dar sentido à vida.
RAC: “O homem vive no mundo e pergunta pelo sentido da sua existência. É uma velha pergunta da humanidade que não poder ser reduzida ao silêncio. Vivemos e trabalhamos, suportamos encargos e cuidados, sofremos e alegramo-nos, experimentamos êxitos e renúncias, vamos envelhecendo e sabemos que no termo está a morte. Para quê tudo isso? Vale a pena viver? Qual é o sentido do nosso existir?” – E. Coreth [citação completa introduzida posteriormente].
FBJ: Você pode significar sua vida das mais variadas formas. Muitos dos fanáticos religiosos resolvem devotar suas vidas para difundir sua fé, e nisso assumem um grande perigo, pois o que fazem os fanáticos quando alcançam seus objetivos, ou quando percebem que estão alicerçados sobre bases frágeis? Se perdem. Não saberão mais qual sentido dar ao próprio existir, e qualquer ameaça externa aos seus princípios norteadores é prontamente e violentamente rejeitada.
Mas questões de significado são de ordem muito pessoal e de elaboração muito difícil. Como eu não sou religioso, acho que pouca coisa tenho a dizer sobre isso.
[Se você gostou (ou não) do post, dê sua opinião nos comentários. É legal saber que alguém se interessa]
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
domingo, 26 de dezembro de 2010
As Melhores Fotos em Astronomia - 1/5
Esse é o primeiro de cinco posts onde vou dividir com vocês uma seleção muito particular que fiz das que considero ser algumas das melhores fotos do céu (asseguro que foi muito trabalhosa a seleção).
A proposta é que a cada novo post as objetivas das câmeras fotográficas e sensores fotossensíveis dos telescópios foquem em objetos cada vez mais distantes. Acrescentei abaixo de cada foto uma pequena descrição, porque entender o que se está observando, nesse caso, faz parte da magia.
Lembro que é possível clicar sobre as fotos para vê-las em maior resolução. Espero que gostem!
Nuvens noctilucent sobre a Suécia: Algumas vezes é noite no chão, mas ainda dia no céu: enquanto a Terra gira para encobrir o Sol, sua sombra se faz desde o chão, e vai, aos poucos, subindo às alturas. Geralmente esse fenômeno produz um belo pôr do Sol, mas quando as nuvens em questão são noctilucent, as mais altas nuvens formadas em nossa atmosfera, então você tem um momento espetácular! Créditos: P-M Hedén
Nuvens, pássaros, Lua e Vênus: Foto tirada durante um pôr do Sol em setembro de 2010, quando Vênus era visto próximo a Lua crescente. Na parte inferior da imagem, há negras nuvens de tempestade, e acima, nuvens anvil tomam forma. Créditos: Isaac Gutiérrez Pascual |
Aurora sobre o Alasca: 2010 foi um ano de incríveis auroras (também chamadas de northern lights no hemisfério norte). Elas podem ser, a primeira vista, confundidas com nuvens a refletir o luar. Mas diferentemente de nuvens, a luz da aurora é própria, e ela não bloqueia as estrelas que estão por detrás. Auroras são formadas pela colisão entre partículas carregadas da magnetorsfera e moléculas do ar da alta atmosfera. Algumas delas são previstas para alguns dias após um grande evento magnético vindo do Sol. Crédito: Paul Alsop |
Aurora e trilha das estrelas sobre o Canadá: Com uma câmera, um tripé e um bom tempo de exposição (ou a união de vários curtos) é possível capturar o movimento de rotação da Terra, tornado óbvio quando as estrelas parecem se alongar no céu. E se você estiver próximo aos pólos terrestres, você pode também ter a sorte a capturar belas auroras. (Foto tirada durante a madrugada de 1º de março) Créditos: Yuichi Takasaka / TWAN / www.blue-moon.ca |
Eclipse total na Antártica: O Sol, a Lua, a Antártica e dois fotográfos, todos se alinharam durante um eclipse solar total em 2003. Quando a "inesperada" escuridão dominou, a coroa solar se tornou visível à volta da Lua. Créditos: Fred Bruenjes (moonglow.net) |
Lua e planetas pela manhã: Numa só foto estão Mercurio, Vênus, Saturno e a Lua crescente, durante um amanhecer na Alemanha. Créditos: Stefan Seip (TWAN). |
Folha, gelo e Orion: As partículas de gelo na folha parecem imitar as estrelas brilhando longe no céu. A grande estrela azul é Sirius, a mais bilhante do nosso céu. A azul menor é Riguel, e mais acima temos a gigante vermelha Betelgelse. Entre Riguel e Betelgelse, as três marias (que fazem parte da constelação de Orion e representa o cinto do caçador). Bem a esquerda, próximo de uma árvore, temos um meteoro, e atrás delas temos o risco de um avião. (Foto tirada com uma Canon em 42 segundos de exposição) Créditos: Masahiro Miyasaka |
Noite estrelada em Foz do Iguaçu: Foto tirada em 4 de maio no Parque Nacional do Iguaçu, que faz fronteira com a Argentina. É muito nítido o braço de Órion da Via Láctea, onde está o Sistema Solar. Seguindo a Via Láctea, da esquerda para a direita, temos a Alfa (geralmente a mais brilhante da constelação) de Centauro e a Beta de Centauro; um pouco mais a direita temos o Cruzeiro do Sul e já bem a direita temos Sirius. Créditos: Babak Tafreshi (TWAN) |
A estrada de leite: "Via Lactea" é uma expressão em latim que significa estrada/caminho de leite. É assim chamada pois os gregos olhavam o céu e viam ali leite derramado. Segundo sua mitologia, para que Hércules se tornasse imortal, ele deveria ser amamentado quando criança pelo seio de sua madrasta Hera, mulher de Zeus (chamado de Júpiter na mitologia romana). Hermes (Mercúrio, para os romanos), outro filho de Zeus, colocou a criança no seio de Hera enquanto ela dormia. Entretanto, Hera acordou enquanto amamentava e notou que estava alimentando um bebê desconhecido. A deusa empurrou o bebê e um jato de seu leite se espalhou pelo céu noturno, produzindo a faixa de luz conhecida como Via Láctea. Outras incríveis fantasias de Larry Landolfi podem ser vistas aqui. Créditos: Larry Landolfi |
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Mecanismos complicados expressos em animações simples
Recebi por e-mail animações muito bem elaboradas que explicam o funcionamento de alguns motores. Gostei e compartilho, mas desconheço a autoria. (Para as animações que parecem não querer se animar, basta clicar sobre elas).
Máquina de Costura: Basicamente, a máquina consiste num mecanismo que faz mover uma agulha na ponta da qual está enfiada uma linha que é em cada movimento de passagem pelo tecido enrolada noutra linha colocada numa bobine separada. O movimento pode ser feito manualmente, por meio de um pedal ou por um motor elétrico. Desenvolvido em 1790:
Motores Radiais: São usados em aviões, possuindo uma hélice conectada ao eixo que disponibiliza a potência para produzir o empuxo necessário para mover o avião. Desenvolvido em 1970:
Princípio do Motor a Vapor: os motores a Vapor utilizados nas locomotivas mais antigas eram baseados no princípio da reciprocidade. Desenvolvido em 1698:
Máquina de Costura: Basicamente, a máquina consiste num mecanismo que faz mover uma agulha na ponta da qual está enfiada uma linha que é em cada movimento de passagem pelo tecido enrolada noutra linha colocada numa bobine separada. O movimento pode ser feito manualmente, por meio de um pedal ou por um motor elétrico. Desenvolvido em 1790:
Mecanismo Maltese Cruzado: Este tipo de mecanismo é muito utilizado em relógios para comandar o movimento dos segundeiros. Desenvolvido em 1893:
Junta de Velocidade Constante: Este mecanismo é utilizado nos veículos de tração dianteira, como forma de transmitir tração mesmo com a torção das rodas (junta homocinética). Desenvolvido em 1926:
Motor Rotatório: Também chamado de motor Wankel, é um motor de combustão interna que possui um desenho único de conversão de pressão em rotação em vez de pistões recíprocos. Desenvolvido em 1957:
Caixa de Câmbio: O mecanismo também chamado de “Palanca de Mudanças” é largamente utilizado em automóveis para troca de engrenagens de tração de forma manual. Desenvolvido 1961:
Motores Radiais: São usados em aviões, possuindo uma hélice conectada ao eixo que disponibiliza a potência para produzir o empuxo necessário para mover o avião. Desenvolvido em 1970:
Sistema de Torpedos em Destroyers: Este mecanismo é utilizado em navios Destroyers para operações militares. Os modernos Destroyers começaram a navegar na década de 90.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
A Brutalidade da Guerra (WikiLeaks)
Tenho acompanhado de longe a recente movimentação que tem havido em torno da Wikileaks, uma empresa sem fins lucrativos, sediada na Suíça, e que publica na rede material dito confidencial, por fontes que têm sua identidade preservada.
Para ver mais de perto o que está acontecendo à volta da WikiLeaks, fui direto à fonte, ou seja, em http://wikileaks.org/. Para minha surpresa, o site não carregou. Pensei por um momento que fosse minha conexão que tivesse caído, (o que, infelizmente, ocorre com alguma frequência) mas logo descobri que o problema não estava desse lado do roteador.
Fui encontrar o site da Wikileaks em http://213.251.145.96/. O endereço tem toda a cara de um protocolo FTP, mas é um "mirror". Quer dizer, alguém fez o download integral do site para disponibilizá-lo na rede. Loucura, não?
Pesquisando a respeito, encontrei a seguinte matéria, publicada pelo http://ultimosegundo.ig.com.br, que transcrevo excertos:
"O WikiLeaks anunciou nesta quarta-feira que a Amazon.com o expulsou de seus servidores, forçando o site a voltar para um provedor sueco.
O senador americano Joe Lieberman disse que a medida da Amazon.com foi tomada depois de membros do Congresso terem pedido na terça-feira à companhia que repensasse seu relacionamento com o WikiLeaks.
[...] As revelações do último lote de documentos publicados pelo WikiLeaks provocou um tumulto diplomático mundial, ao divulgar documentos secretos de embaixadas americanas na internet. As correspondências fazem parte do pacote de mais de 250 mil comunicações entre embaixadas e outros canais diplomáticos americanos aos quais o site WikiLeaks teve acesso e que começou a vazar no domingo."
Dois dias depois desse último "leak", em 30 de novembro, a Interpol emitiu o equivalente a uma ordem internacional de prisão a Julian Assange, o fundador da Wikileaks, por estupro de duas mulheres. Assange se entregou em Londres, e se defende afirmando que trata-se de uma prisão política, ressaltando que não pôde pagar fiança para ser libertado.
Antes desse disso, em 22 de outubro de 2010, o site publicou relatórios da Guerra do Iraque produzidos entre 2004 e 2009, e que segundo estudo feito pela agência de notícias IBC, há neles registradas cerca de 150.000 mortes violentas, sendo 80% de civis.
Para se ter uma relação menos "estatisticalizada" com esses dados, e ver "ver" as informações que o site vem publicando (esse no início de 2010), abaixo está um vídeo (resumido) em que soldados americanos, do alto de um helicóptero, matam 12 pessoas por confundir câmeras de jornalistas da Routers com armas. Recomendo fortemente que essas imagens façam parte do seu repertório cultural e que vivencies as emoções que ele proporciona:
É estranho quando é, de fato, um "filme da vida real", com "personagens" cuja tentativa de fuga não é encenada. É impossível ouvir falarem "Eu acho que [o tanque] acabou de passar por cima de um corpo" e "É culpa deles por trazer suas crianças para a batalha" sem ficar com um ódio no coração. Muito me chocou a liberdade com que essas vidas foram tiradas.
Dentre as diversas retaliações que o site vem sofrendo, figuram o bloqueio de seu acesso em território chinês, tailandês e dentro da Biblioteca do Congresso Americano. A Moneybookers e os cartões MasterCard e Visa também lhes fazem coro, deixando de receber doações destinadas à Wikileaks (apesar de aceitarem doações para a Ku Klux Klan).
Então, com o terceiro grande vazamento (os dois anteriores foram de documentos da Guerra do Afeganistão e do Iraque), o guerra do Oriente se reconfigurou num jogo de poder, onde uma série de instituições parecem estar estranhamente relacionadas: como diria o slogan do filme sobre o Facebook, "você não consegue 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos". Com isso, a Amazon cedeu e os cartões capitularam. Mas qual o preço que nós, enquanto sociedade, devemos pagar por isso? Como pode o poder sobrepassar a lei para se fazer valer? Nesse jogo de mundo, os endinheirados e poderosos parecem ser uma grande quadrilha, onde todos têm o rabo preso, como a denúncia feita por Tropa de Elite 2, mas numa escala muito mais perigosa.
Sobre essa malha de poderes até o nosso ainda presidente dá seu pitaco:
"O rapaz estava colocando apenas o que ele leu. E se ele leu porque alguém escreveu, o culpado não é quem divulgou, o culpado é quem escreveu". Me parece um pouco ingênuo, mas, com certeza, não é de Assange a culpa de 80% das mortes no Iraque serem de civis.
Há também no Irã, Austrália, EUA e França autoridades que expressam suas opiniões sobre a WikiLeaks: "é uma organização terrorista estrangeira", "é irresponsável e ilegal", "representa um claro e presente perigo à segurança nacional dos EUA", "é inaceitável que seu site esteja hospedado na França". Esses se referiam, muito provavelmente, ao vazamento de informação diplomática do último 28 de novembro. Entretanto, a WikiLeaks oferece apenas um espaço para a divulgação de documentos, garantindo o anonimato daquele que, de fato, obtém a informação, o que não é legalmente punível. (apesar do nome, a WikiLeaks não é editável como a Wikipédia).
Não ser punível por lei não significa que seja eticamente correto, e sobre a WikiLeaks há quem diga que ela é dolosa à democracia na divulgação de informações, tendo em vista que a democracia necessita da diplomacia, que diplomacia necessita da confidencialidade de comunicação, e que a Wiki teria violado tal confidencialidade. Entretanto, se há quem queira tornar público, gratuitamente, informações, também há aqueles dispostos a trocá-la com governos estrangeiros por um bom malote de dinheiro. Nesse cenário a Wiki evidencia falhas no sistema e talvez evite males que poderiam ser maiores.
Para ver mais de perto o que está acontecendo à volta da WikiLeaks, fui direto à fonte, ou seja, em http://wikileaks.org/. Para minha surpresa, o site não carregou. Pensei por um momento que fosse minha conexão que tivesse caído, (o que, infelizmente, ocorre com alguma frequência) mas logo descobri que o problema não estava desse lado do roteador.
Fui encontrar o site da Wikileaks em http://213.251.145.96/. O endereço tem toda a cara de um protocolo FTP, mas é um "mirror". Quer dizer, alguém fez o download integral do site para disponibilizá-lo na rede. Loucura, não?
Pesquisando a respeito, encontrei a seguinte matéria, publicada pelo http://ultimosegundo.ig.com.br, que transcrevo excertos:
"O WikiLeaks anunciou nesta quarta-feira que a Amazon.com o expulsou de seus servidores, forçando o site a voltar para um provedor sueco.
O senador americano Joe Lieberman disse que a medida da Amazon.com foi tomada depois de membros do Congresso terem pedido na terça-feira à companhia que repensasse seu relacionamento com o WikiLeaks.
[...] As revelações do último lote de documentos publicados pelo WikiLeaks provocou um tumulto diplomático mundial, ao divulgar documentos secretos de embaixadas americanas na internet. As correspondências fazem parte do pacote de mais de 250 mil comunicações entre embaixadas e outros canais diplomáticos americanos aos quais o site WikiLeaks teve acesso e que começou a vazar no domingo."
Dois dias depois desse último "leak", em 30 de novembro, a Interpol emitiu o equivalente a uma ordem internacional de prisão a Julian Assange, o fundador da Wikileaks, por estupro de duas mulheres. Assange se entregou em Londres, e se defende afirmando que trata-se de uma prisão política, ressaltando que não pôde pagar fiança para ser libertado.
Antes desse disso, em 22 de outubro de 2010, o site publicou relatórios da Guerra do Iraque produzidos entre 2004 e 2009, e que segundo estudo feito pela agência de notícias IBC, há neles registradas cerca de 150.000 mortes violentas, sendo 80% de civis.
Para se ter uma relação menos "estatisticalizada" com esses dados, e ver "ver" as informações que o site vem publicando (esse no início de 2010), abaixo está um vídeo (resumido) em que soldados americanos, do alto de um helicóptero, matam 12 pessoas por confundir câmeras de jornalistas da Routers com armas. Recomendo fortemente que essas imagens façam parte do seu repertório cultural e que vivencies as emoções que ele proporciona:
É estranho quando é, de fato, um "filme da vida real", com "personagens" cuja tentativa de fuga não é encenada. É impossível ouvir falarem "Eu acho que [o tanque] acabou de passar por cima de um corpo" e "É culpa deles por trazer suas crianças para a batalha" sem ficar com um ódio no coração. Muito me chocou a liberdade com que essas vidas foram tiradas.
Dentre as diversas retaliações que o site vem sofrendo, figuram o bloqueio de seu acesso em território chinês, tailandês e dentro da Biblioteca do Congresso Americano. A Moneybookers e os cartões MasterCard e Visa também lhes fazem coro, deixando de receber doações destinadas à Wikileaks (apesar de aceitarem doações para a Ku Klux Klan).
Então, com o terceiro grande vazamento (os dois anteriores foram de documentos da Guerra do Afeganistão e do Iraque), o guerra do Oriente se reconfigurou num jogo de poder, onde uma série de instituições parecem estar estranhamente relacionadas: como diria o slogan do filme sobre o Facebook, "você não consegue 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos". Com isso, a Amazon cedeu e os cartões capitularam. Mas qual o preço que nós, enquanto sociedade, devemos pagar por isso? Como pode o poder sobrepassar a lei para se fazer valer? Nesse jogo de mundo, os endinheirados e poderosos parecem ser uma grande quadrilha, onde todos têm o rabo preso, como a denúncia feita por Tropa de Elite 2, mas numa escala muito mais perigosa.
Sobre essa malha de poderes até o nosso ainda presidente dá seu pitaco:
"O rapaz estava colocando apenas o que ele leu. E se ele leu porque alguém escreveu, o culpado não é quem divulgou, o culpado é quem escreveu". Me parece um pouco ingênuo, mas, com certeza, não é de Assange a culpa de 80% das mortes no Iraque serem de civis.
Há também no Irã, Austrália, EUA e França autoridades que expressam suas opiniões sobre a WikiLeaks: "é uma organização terrorista estrangeira", "é irresponsável e ilegal", "representa um claro e presente perigo à segurança nacional dos EUA", "é inaceitável que seu site esteja hospedado na França". Esses se referiam, muito provavelmente, ao vazamento de informação diplomática do último 28 de novembro. Entretanto, a WikiLeaks oferece apenas um espaço para a divulgação de documentos, garantindo o anonimato daquele que, de fato, obtém a informação, o que não é legalmente punível. (apesar do nome, a WikiLeaks não é editável como a Wikipédia).
Não ser punível por lei não significa que seja eticamente correto, e sobre a WikiLeaks há quem diga que ela é dolosa à democracia na divulgação de informações, tendo em vista que a democracia necessita da diplomacia, que diplomacia necessita da confidencialidade de comunicação, e que a Wiki teria violado tal confidencialidade. Entretanto, se há quem queira tornar público, gratuitamente, informações, também há aqueles dispostos a trocá-la com governos estrangeiros por um bom malote de dinheiro. Nesse cenário a Wiki evidencia falhas no sistema e talvez evite males que poderiam ser maiores.
Já o vazamento de informações de guerra, como o chocante vídeo acima, vem a reforçar a crescente opinião popular contrária a manutenção da guerra do Iraque, por ter agora argumentos de ordem moral mais robustos a somar com os de ordem econômica, que vêm afetando enormemente os cofres públicos estadunidenses.
Hoje os poderosos se debatem por verem desmantelada diversas de suas articulações políticas, e querem um culpado, querem uma cabeça. Na contramão, há milhares de usuários da web que fazem pressão a favor da liberdade de expressão, com ferramentas como a Avaaz.org, que apesar de popular e pacifista, já alcançou grandes vitórias, como acelerar a votação da Lei Ficha Limpa.
Agora me pergunto: quem irá vencer nesse cabo de guerra? Conseguirão evitar futuros vazamentos? (eu tenho um palpite)
Agora me pergunto: quem irá vencer nesse cabo de guerra? Conseguirão evitar futuros vazamentos? (eu tenho um palpite)
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
500th 'extrasolar' planet discovered
Published by Space Daily
by Staff Writers
Paris (UPI) Nov 22, 2010
Astronomers have discovered the 500th exoplanet outside our solar system, a database maintained by a French astronomer says.
Astrobiologist Jean Schneider of the Paris-Meudon Observatory, who compiles the Extrasolar Planets Encyclopedia, says less than 20 years after the discovery of the first exoplanet he has logged No. 500, discovered Nov. 19, SPACE.com reported.
The 500th extrasolar planet was reported in the midst of the announcement of the discovery of several others, including a planet tagged HIP 13044b astronomers say was born in another galaxy before being captured by our own Milky Way galaxy.
Less than two months ago astronomers announced a watershed moment, the discovery of the first potentially habitable exoplanet.
Meanwhile, data is pouring in from planet-hunting instruments like NASA's Kepler space observatory.
Kepler has already identified more than 700 "candidate" stars worthy of further observation and confirmation, and a high percentage of those will probably be found to have planets, says Jon Jenkins of the Search for Extraterrestrial Intelligence Institute.
Jenkins is the lead analyst for the Kepler mission.
by Staff Writers
Paris (UPI) Nov 22, 2010
Astronomers have discovered the 500th exoplanet outside our solar system, a database maintained by a French astronomer says.
Astrobiologist Jean Schneider of the Paris-Meudon Observatory, who compiles the Extrasolar Planets Encyclopedia, says less than 20 years after the discovery of the first exoplanet he has logged No. 500, discovered Nov. 19, SPACE.com reported.
The 500th extrasolar planet was reported in the midst of the announcement of the discovery of several others, including a planet tagged HIP 13044b astronomers say was born in another galaxy before being captured by our own Milky Way galaxy.
Less than two months ago astronomers announced a watershed moment, the discovery of the first potentially habitable exoplanet.
Meanwhile, data is pouring in from planet-hunting instruments like NASA's Kepler space observatory.
Kepler has already identified more than 700 "candidate" stars worthy of further observation and confirmation, and a high percentage of those will probably be found to have planets, says Jon Jenkins of the Search for Extraterrestrial Intelligence Institute.
Jenkins is the lead analyst for the Kepler mission.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Sobre o que sabemos do tamanho e posição da Terra no Universo
Explanation extract from "apod.nasa.gov": What would it look like to travel across the known universe? To help humanity visualize this, the American Museum of Natural History has produced a modern movie featuring many visual highlights of such a trip. The video starts in Earth's Himalayan Mountains and then dramatically zooms out, showing the orbits of Earth's satellites, the Sun, the Solar System, the extent of humanities first radio signals, the Milky Way Galaxy, galaxies nearby, distant galaxies, and quasars. As the distant surface of the microwave background is finally reached, radiation is depicted that was emitted billions of light years away and less than one million years after the Big Bang. Frequently using the Digital Universe Atlas, every object in the video has been rendered to scale given the best scientific research in 2009, when the video was produced. The film has similarities to the famous Powers of Ten video that has been a favorite of many space enthusiasts for a generation.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
"Releitura" do Book
Em tempos em que os trabalhos escolares (e não só!) são extraídos da Wikipédia pelo Ctrl+C e Ctrl+V, e em que há o culto à tecnologia com a Apple TV, iPod (mini, nano, shuffle ou touch), iPhone, iPad, MacBook Air, Zune (para citar um da Microsoft) e Kindle, o nosso amigo livro ganhou uma cômica "releitura".
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
O texto e o escritor. A obra e o artista. O conceito e a concepção.
Eu vivo, sinto, recebo e ofereço. Troco constantemente com aquilo que me cerca. E escrevo. Nem sempre bem, nem sempre com a fluidez que o tema merece, mas sempre com empolgação. E quando sinto que o texto está maduro e o aprecio, ainda sobra o gosto na boca do dever cumprido.
As informações vêm do mundo, eu as interpreto, modifico e coloco-as para fora da maneira que sou capaz e, então, você compartilha um pouco do meu mundo, que é agora também um pouco parte do seu. No fundo, é só mais uma forma de apreender a realidade, assim como qualquer arte. (E assim como qualquer arte, também tem os pretensos artistas.)
O texto é arte que provoca reflexão, como com Hobbes, Montesquieu ou Kant; que desperta os sentidos, com Shakespeare, Guimarães Rosa ou Vinícius de Morais; e lhe transporta pelo impossível, com Mary Shelley, Isaac Asimov ou Arthur Clarke. E ainda assim, cada ideia e cada palavra, cresceu antes dentro de uma alma inventiva que tem paixão pelo contar.
Posso falar do gosto e textura das palavras mesmo sem nunca tê-las provado, mas as vivo e recordo (tudo ao mesmo tempo), inventando sensações que na verdade já estão em mim. E quando escrevo memórias do real, também vivo o novo, mas dessa vez dentro de mim mesmo. Lembro, remexo, associo. Tudo volta e, pela força do momento, volta com o ímpeto de vir inteira e deixar marcas. Volta egoísta, me amarra e me submete a esse trabalho sujo de ser seu interprete, como um mediador entre as ideias (que parecem agora ter vida própria, tamanha a força com que me movem) e você.
E o texto cresce, toma corpo, identidade, e sinto que em breve será capaz de seguir seu próprio rumo. E eu estou feliz em ser seu mediador.
Não sei o que será dele quando estiver maduro e não depender mais de mim. Quando eu jogá-lo aos leões do julgamentos dos outros (os seus!). Queria mesmo poder estar aí, sentado ao seu lado, a sussurrar em seu ouvido e coração o que essa ideia me comunicou. Queria que fosse permitido a eu e você termos algum enamoramento de almas, e você sentir o que eu senti.
... mas não posso.
Então, você e ele travarão uma relação própria e independente de mim, repleta de sentimentos e reflexões que não me alcançaram, pois parte indispensável da relação de vocês, é você, suas histórias e o seu momento hoje. Agora. Sobre isso não posso fazer mais que um amigo que torce distante pelo sucesso da relação de um casal que se paquera.
É inclusive provável que o autor, numa leitura posterior de seu texto, perceba nuances, segundas possibilidades e ambiguidades que pensava não existir quando o escreveu. Não que o texto seja outro, mas mudou o sujeito que interage com ele. Estamos em modificação e o texto se organiza segundo o novo momento de seu interlocutor. Permite-se então ser descortinado por um outro ângulo que já estava lá, latente e ansioso por se ver descoberto e debatido.
Nesse caso tão especial, pelo qual tenho tanto carinho, a ideia se define apenas pelo conjunto de dois que se encontram e se constroem, pela junção do que "está ali" com o que está "aqui", ambos importantes e complementares.
Abaixo, fragmento de entrevista com o sábio, escritor e poeta argentino Jorge Luis Borges (1899 - 1986), em que é abordado também o tema do post.
Thanks to @CarrozzinoRigby por suscitar a discussão e Ricardo Miguez pelas conversas inspiradoras.
As informações vêm do mundo, eu as interpreto, modifico e coloco-as para fora da maneira que sou capaz e, então, você compartilha um pouco do meu mundo, que é agora também um pouco parte do seu. No fundo, é só mais uma forma de apreender a realidade, assim como qualquer arte. (E assim como qualquer arte, também tem os pretensos artistas.)
O texto é arte que provoca reflexão, como com Hobbes, Montesquieu ou Kant; que desperta os sentidos, com Shakespeare, Guimarães Rosa ou Vinícius de Morais; e lhe transporta pelo impossível, com Mary Shelley, Isaac Asimov ou Arthur Clarke. E ainda assim, cada ideia e cada palavra, cresceu antes dentro de uma alma inventiva que tem paixão pelo contar.
Posso falar do gosto e textura das palavras mesmo sem nunca tê-las provado, mas as vivo e recordo (tudo ao mesmo tempo), inventando sensações que na verdade já estão em mim. E quando escrevo memórias do real, também vivo o novo, mas dessa vez dentro de mim mesmo. Lembro, remexo, associo. Tudo volta e, pela força do momento, volta com o ímpeto de vir inteira e deixar marcas. Volta egoísta, me amarra e me submete a esse trabalho sujo de ser seu interprete, como um mediador entre as ideias (que parecem agora ter vida própria, tamanha a força com que me movem) e você.
E o texto cresce, toma corpo, identidade, e sinto que em breve será capaz de seguir seu próprio rumo. E eu estou feliz em ser seu mediador.
Não sei o que será dele quando estiver maduro e não depender mais de mim. Quando eu jogá-lo aos leões do julgamentos dos outros (os seus!). Queria mesmo poder estar aí, sentado ao seu lado, a sussurrar em seu ouvido e coração o que essa ideia me comunicou. Queria que fosse permitido a eu e você termos algum enamoramento de almas, e você sentir o que eu senti.
... mas não posso.
Então, você e ele travarão uma relação própria e independente de mim, repleta de sentimentos e reflexões que não me alcançaram, pois parte indispensável da relação de vocês, é você, suas histórias e o seu momento hoje. Agora. Sobre isso não posso fazer mais que um amigo que torce distante pelo sucesso da relação de um casal que se paquera.
É inclusive provável que o autor, numa leitura posterior de seu texto, perceba nuances, segundas possibilidades e ambiguidades que pensava não existir quando o escreveu. Não que o texto seja outro, mas mudou o sujeito que interage com ele. Estamos em modificação e o texto se organiza segundo o novo momento de seu interlocutor. Permite-se então ser descortinado por um outro ângulo que já estava lá, latente e ansioso por se ver descoberto e debatido.
Nesse caso tão especial, pelo qual tenho tanto carinho, a ideia se define apenas pelo conjunto de dois que se encontram e se constroem, pela junção do que "está ali" com o que está "aqui", ambos importantes e complementares.
Abaixo, fragmento de entrevista com o sábio, escritor e poeta argentino Jorge Luis Borges (1899 - 1986), em que é abordado também o tema do post.
Thanks to @CarrozzinoRigby por suscitar a discussão e Ricardo Miguez pelas conversas inspiradoras.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Sobre "O fim da infância", de Arthur C. Clarke
Lembro bem do dia em que Arthur C. Clarke deixou de estar entre nós. Foi em março de 2008, e o seu verbete na Wikipedia virou blog, com diversos nerds (no melhor dos sentidos, ok?) postando mensagens saudosistas (o que foi prontamente categorizado como “vandalismo” pelos moderadores). O verbete não chegou a ser bloqueado para atualizações, como foi o de Michael Jackson, mas houve considerável comoção.
Clarke deixou um legado para a literatura ficcional, literatura não-ficcional, astronomia e para a esperança. Dentre seus trabalhos figura a obra original e a co-autoria do roteiro de “2001: Uma odisséia no espaço”. E a esperança? É que existem basicamente duas escolas dentre aqueles que pensam sobre a vida fora da Terra: a positivista, que tem Clarke, Sagan e Asimov como principais expoentes; e a pessimista, que está alcançando mais popularidade nos últimos anos, quando da ausência dos três mosqueteiros aí de cima (creio que um dos motivos para isso seja que os pessimistas não parecem contar com literatura ficcional para divulgação de suas ideias – seriam seus enredos pouco interessantes?). Verdade é que se você acredita em extraterrestes inteligentes, então talvez você deva algo a Clarke.
Dessa vez os extraterrestres chegam a Terra para ficar. E é primoroso! Só assim posso definir esse grande trabalho de Clarke, “O fim da infância”, publicado em 1953, praticamente ainda no início de sua carreira profissional como romancista.
O livro é instigante, do início ao final, utilizando-se magistralmente do mistério como ingrediente principal da trama: por que esses visitantes nunca saem de suas naves? Qual seria sua forma física? Será que vieram de um outro planeta desolado e não têm outro lugar para onde ir? Será que são orgânicos ou são computadores construídos por uma raça, a muito esquecida, para explorar o universo? Ou serão humanos que visitaram a Terra milhões de anos atrás, deixando aqui alguns dos seus (ou dos nossos?) e agora vieram salvar seus filhos da destruição nuclear?
E quando algum desses mistérios é desvendado, eles parecem também de multiplicar, revelando outros muitos por explicar. Mas o grande mistério permeia a trama até quase a última página: “Por que eles estão aqui?”. Ainda assim, eles permanecem por mais de 150 anos.
No transcurso de sua estadia profundas mudanças ocorrem na sociedade: é criado o Estado Mundial; são abolidas as forças armadas (o que duplica a riqueza do mundo); as máquina encarregam-se sozinhas da produção de praticamente todos os bens e serviços; os homens passam a se dedicar exclusivamente a atividades de seu genuíno interesse ... e a ciência e a arte, criativas, praticamente desaparecem.
É um excelente argumento que enamora a psicologia da coletividade, encontrando argumentos convincentes sobre como nos comportaríamos se tivermos sobre nossas cabeças (literalmente!), uma raça sobre a qual apenas sabemos ser muito (!!) superior à nossa.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
O cinema do futuro, versão Clark. Os móveis do futuro, versão Ron Barth
Arthur Clarke brinca constantemente de ser futurólogo. Transcrevo para cá uma de suas previsões, essa sobre qual seria o futuro do cinema, extraída do livro "O fim da infância", de 1953.
"Primeiro o som, depois a cor, depois o estereoscópio, e depois o cinerama, tinham tornado o cinema cada vez mais parecido com a realidade. Como terminaria a história? Sem dúvida, o estágio final seria alcançado quando a audiência esquecesse que era uma audiência e resolvesse tomar parte da ação. Conseguir isso envolveria os estímulos de todos os sentidos e talvez, também, a hipnose, mas muitos acreditavam que valia a pena. Quando a meta fosse atingida, a experiência humana ficaria enormemente enriquecida. A pessoa poderia transformar-se - por um tempo, ao menos - em outra pessoa e poderia tomar parte em qualquer aventura concebível, real ou imaginária. Poderia até virar planta ou animal, se fosse possível capturar e gravar as impressões de outras criaturas vivas. E, quando o "programa" terminasse, a pessoa teria adquirido uma recordação tão vívida quanto qualquer experiência de sua vida real – entretanto, uma recordação impossível de ser adquirida na realidade."
Depois, aproveitando o clima de futurologia, acrescento um vídeo absolutamente recomendável que oferece pistas sobre como serão mobiliadas as casas do futuro (são 6min que abrem a cabeça). São engenhosos (!!) móveis multifuncionais que objetivam a economia de espaço. São comercializados pela Resource Furniture, cujo presidente é Ron Barth.
"Primeiro o som, depois a cor, depois o estereoscópio, e depois o cinerama, tinham tornado o cinema cada vez mais parecido com a realidade. Como terminaria a história? Sem dúvida, o estágio final seria alcançado quando a audiência esquecesse que era uma audiência e resolvesse tomar parte da ação. Conseguir isso envolveria os estímulos de todos os sentidos e talvez, também, a hipnose, mas muitos acreditavam que valia a pena. Quando a meta fosse atingida, a experiência humana ficaria enormemente enriquecida. A pessoa poderia transformar-se - por um tempo, ao menos - em outra pessoa e poderia tomar parte em qualquer aventura concebível, real ou imaginária. Poderia até virar planta ou animal, se fosse possível capturar e gravar as impressões de outras criaturas vivas. E, quando o "programa" terminasse, a pessoa teria adquirido uma recordação tão vívida quanto qualquer experiência de sua vida real – entretanto, uma recordação impossível de ser adquirida na realidade."
Depois, aproveitando o clima de futurologia, acrescento um vídeo absolutamente recomendável que oferece pistas sobre como serão mobiliadas as casas do futuro (são 6min que abrem a cabeça). São engenhosos (!!) móveis multifuncionais que objetivam a economia de espaço. São comercializados pela Resource Furniture, cujo presidente é Ron Barth.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Estações do ano, Equinócio, Solstício e Trópicos e Câncer e Capricórnio
Sendo eu um estudante de física interessado em astronomia, às vezes sou abordado com questões como: “porque existem as estações do ano?”, “porque as estações começam nos solstícios e equinócios?”, “que relação têm as estações com a inclinação do eixo da Terra?”.
Considero esse tema muito interessante, mas uma reflexão pautada apenas em conhecimentos astronômicos poderia levar a conclusões equivocadas sobre as datas já estabelecidas para o início das estações (cujo dia e hora exatos variam de um ano para outro). Nomeadamente, para o hemisfério Sul: a primavera em 23 de setembro, no equinócio; o verão em 21 de dezembro, no solstício de verão; o outono em a 20 de março, no equinócio; o inverno em 21 de junho, no solstício de inverno.
Conceito chave para se compreender as estações, está a alternância entre equinócios e solstícios. Recorreremos a algumas ilustrações para entender melhor esses conceitos:
Percebemos, com a figura acima, que a Terra ao girar em torno do Sol mantém seu eixo de inclinação (aproximada de 23,5 graus) sempre “apontando” na mesma direção. Esse evento faz com que, entre o equinócio de outono e o equinócio de primavera, a radiação solar incida mais diretamente sobre o hemisfério norte, ou seja, entre esse período a porção norte do planeta estará esquentando, enquanto a porção sul estará esfriando.
Abaixo, uma ilustração em que podemos entender melhor os motivos desse fenômeno:
Como se pode ver, quanto menor a angulação de incidência da luz solar, maior a área atingida por uma mesma quantidade de radiação, o que diminui sua densidade no solo e justifica a diferença temperaturas observada.
Seguindo ainda o raciocínio anterior, percebemos que entre o equinócio de primavera e o equinócio de outono, a radiação solar incide mais diretamente sobre o hemisfério sul. Com isso compreendemos, por exemplo, o motivo de enquanto ser inverno no Sul, ser verão no Norte.
Nesse cenário, os solstícios de inverno e verão marcam os dias que têm menor e maior duração (para o hemisfério sul), respectivamente. Já os equinócios são os dois dias que têm 12h de luz e 12h de noite, e os únicos dois dias do ano em que o Sol nasce no Leste e se põe no Oeste (ao contrário do mito popular que diz ser constante essa posição).
Abaixo, uma seqüência de fotografias (você pode clicar!) onde é possível verificar esse fato (fotos tiradas por Maria de Fátima Oliveira Saraiva, entre 21 jun. de 2003 e 21 mar. de 2004):
Na primeira das fotos, tirada em junho (próxima ao solstício de inverno), o Sol de põe no ponto 1, e apresenta deslocamento máximo em direção nordeste. Na quarta das fotos, em dezembro (próximo ao solstício de verão), o Sol se põe no seu deslocamento máximo à sudeste. Depois disso, retorna em direção ao leste (ponto 2), que marca o equinócio, apresentado na quinta fotografia. Obviamente, trata-se de um ciclo anual.
Essas datas e posições, que surgem dos solstícios, são tão importantes que definem o posicionamento dos Trópicos de Câncer e Capricórnio.
É no solstício de verão (21/12) que o Sol está sobre o Trópico de Capricórnio, e as cidades que são cortadas por essa linha imaginária são as últimas cidades ao Sul que podem ter o Sol diretamente no ponto mais alto do céu (zênite), o que acontece exatamente nesse dia. Abaixo dessa latitude o Sol nunca estará tão alto.
O solstício de verão marca também o dia mais longo do ano (e o solstício de inverno o mais curto). Isso porque é nessa data que o Sol permanece durante mais tempo no céu, devido, inclusive, ao local de seu nascimento no horizonte, como a figura abaixo sugere:
A figura mostra o movimento aparente do Sol, e a julgar pela sua posição no dia do solstício de verão, concluímos que o ponto em questão está sobre um dos trópicos.
Neste momento, é justo perguntar: “e o que as estações do ano têm a ver com isso?”.
Bem... se os dias anteriores e posteriores ao solstício de verão (adotado aleatoriamente como exemplo) têm uma duração menor que o dia do próprio solstício, então esse deveria ser o dia mais quente do ano, certo? E o dia mais quente do ano deveria acontecer bem à meio do verão, certo? ... a primeira vista, está certo, e o verão deveria começar 45 dias antes do solstício, por volta de 6 de novembro. Entretanto, não é assim. Por quê?
O dia mais quente do ano acontece, geralmente, apenas um mês depois do solstício, pois a atmosfera demora certo tempo para esquentar. Assim, o dia mais quente não é o mais longo, apesar da maior quantidade de radiação incidente.
Outra questão para demarcar o início do verão como sendo no solstício, é que este dia pode ser identificado com instrumentos de medida rudimentares e, historicamente, passou-se a utilizá-lo para reger a agricultura. Essa parece ser uma das possíveis utilizações, por exemplo, da Stonehenge.
Espero que as informações tenham sido úteis. Qualquer sugestão sobre adaptações didáticas ou tópicos de conteúdo, podem ser prontamente sinalizadas.
Thanks to @mendesgabriel, que incentivou fortemente esse post.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Mês de abril de 2010 foi o abril mais quente do século
A NOAA - National Oceanic & Atmospheric Administration - é um órgão que faz parte do Departamento de Comércio dos EUA e que tem como uma de suas missões entender e prever mudanças climáticas na Terra.
Regularmente este órgão publica notas, artigos e análise de dados de seus monitoramentos, e um deles me chamou a atenção. Abaixo uma imagem bem alusiva (sugiro que você clique nela).
Como se pode ver há muitos pontos vermelhos, indicando um aumento da temperatura relativamente aos registro médios entre 1971 e 2000 para o mês de abril. Há tantos deles que as temperaturas médias combinadas dos oceanos e superfície foram suficientes para quebrar o recorde da maior para o mês de abril do século 20, com 14.5°C (0.76°C acima do recorde anterior). Na verdade, foram quebrados também os recordes para as medições individuas das temperaturas de superfície e oceânicas, e não só a combinada.
Outras análises indicam que a área coberta pelo gelo do Oceano Ártico (o que fica no norte) está pela 11º vez consecutiva abaixo da média obtida entre os anos de 1979 e 2000, e sua espessura está reduzida em torno de 40% dos registros históricos.
Dentre as implicações óbvias para o ecossistema da região, o degelo implica uma menor quantidade de radiação refletida ao espaço (a neve, por ser "branca", reflete mais luz), significando um fator a mais para o aquecimento do planeta. A meu ver, evento correlato ao aquecimento global.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
20 Maneiras de Ser Criativo
Numa de minhas pesquisas em bibliotecas públicas, encontrei um papel amarelado pelo tempo, dobrado em um dos livros, datando de 86. Tirei uma cópia e o devolvi exatamente como estava, imaginando que outro ainda pudesse tirar proveito desse achado. Gosto muitissímo desse texto.
Abaixo a transcrição:
Título: 20 Maneiras de Ser Criativo.
Por Whitt Northmore Schultz - Universidade de Buffalo.
Impresso na Folha de São Paulo de 01/06/1986.
1. Saiba que há um tesouro em sua cabeça.
2. Todo dia escreva pelo menos uma ideia sobre estes assuntos: como eu posso fazer meu trabalho melhor; como eu poderia ajudar outras pessoas; como eu posso ajudar empresa.
3. Escreva seus objetivos especiais de vida. Carregue no bolso, sempre.
4. Faça anotações. Não saia de casa sem papel e lápis. Anote tudo, não confie na memória.
5. Armazene ideias. Coloque em cada pasta um assunto. Ideias para a casa, para aumentar a sua eficiência no trabalho, para ganhar mais dinheiro.
6. Observe tudo cuidadosamente. Observe e absorva. Aproveite o que você observa. Observe tudo como se fosse a última vez que você fosse ver.
7. Desenvolva uma forte curiosidade sobre pessoas, coisas, lugares. Ao falar com outra pessoa faça com que ela se sinta importante.
8. Aprenda a escutar e ouvir, tanto com os olhos quanto com os ouvidos.
9. Descubra novas fontes de ideias. Através de novas amizades, de novos livros, de assuntos diversos e até de artigos como este que você está lendo.
10. Compreenda primeiro. Depois julgue.
11. Mantenha o sinal verde de sua mente sempre ligado e aberto.
12. Procure ter uma atitude positiva e otimista. Isso ajuda você a realizar seus objetivos.
13. Escolha uma hora e um lugar para pensar alguns minutos, todos os dias.
14. Ataque seus problemas com maneiras ordenadas. Uma delas é descobrir qual é realmente o problema, se não você não vai achar a solução. Faça seu subconsciente trabalhar. Ele pode e precisa. Dia e noite. Fale com alguém sobre a ideia, não a deixe morrer.
15. Construa grandes ideias a partir de pequenas ideias. Associe ideias. Combine. Adapte. Modifique. Aumente. Diminua. Substitua. Reorganize-as. E finalmente, inverta as ideias que você tem.
16. Evite coisas que enfraqueçam o cérebro: barulho, fadiga, negativismo, dietas desequilibradas, excessos em geral.
17. Crie grandes metas. Grandes objetivos.
18. Aprenda a fazer perguntas que desenvolvam o seu cérebro: Quem, Quando, Onde, O quê, Por quê, Qual, Como.
19. Lembre-se de que uma ideia razoável colocada em ação é muito melhor que uma grande ideia arquivada.
20. Use o seu tempo ocioso com sabedoria. Lembre-se de que a maior parte das grandes ideias, os grandes livros, as grandes composições musicais, as grandes invenções foram criadas no tempo “ocioso” dos seus criadores.
Abaixo a transcrição:
Título: 20 Maneiras de Ser Criativo.
Por Whitt Northmore Schultz - Universidade de Buffalo.
Impresso na Folha de São Paulo de 01/06/1986.
1. Saiba que há um tesouro em sua cabeça.
2. Todo dia escreva pelo menos uma ideia sobre estes assuntos: como eu posso fazer meu trabalho melhor; como eu poderia ajudar outras pessoas; como eu posso ajudar empresa.
3. Escreva seus objetivos especiais de vida. Carregue no bolso, sempre.
4. Faça anotações. Não saia de casa sem papel e lápis. Anote tudo, não confie na memória.
5. Armazene ideias. Coloque em cada pasta um assunto. Ideias para a casa, para aumentar a sua eficiência no trabalho, para ganhar mais dinheiro.
6. Observe tudo cuidadosamente. Observe e absorva. Aproveite o que você observa. Observe tudo como se fosse a última vez que você fosse ver.
7. Desenvolva uma forte curiosidade sobre pessoas, coisas, lugares. Ao falar com outra pessoa faça com que ela se sinta importante.
8. Aprenda a escutar e ouvir, tanto com os olhos quanto com os ouvidos.
9. Descubra novas fontes de ideias. Através de novas amizades, de novos livros, de assuntos diversos e até de artigos como este que você está lendo.
10. Compreenda primeiro. Depois julgue.
11. Mantenha o sinal verde de sua mente sempre ligado e aberto.
12. Procure ter uma atitude positiva e otimista. Isso ajuda você a realizar seus objetivos.
13. Escolha uma hora e um lugar para pensar alguns minutos, todos os dias.
14. Ataque seus problemas com maneiras ordenadas. Uma delas é descobrir qual é realmente o problema, se não você não vai achar a solução. Faça seu subconsciente trabalhar. Ele pode e precisa. Dia e noite. Fale com alguém sobre a ideia, não a deixe morrer.
15. Construa grandes ideias a partir de pequenas ideias. Associe ideias. Combine. Adapte. Modifique. Aumente. Diminua. Substitua. Reorganize-as. E finalmente, inverta as ideias que você tem.
16. Evite coisas que enfraqueçam o cérebro: barulho, fadiga, negativismo, dietas desequilibradas, excessos em geral.
17. Crie grandes metas. Grandes objetivos.
18. Aprenda a fazer perguntas que desenvolvam o seu cérebro: Quem, Quando, Onde, O quê, Por quê, Qual, Como.
19. Lembre-se de que uma ideia razoável colocada em ação é muito melhor que uma grande ideia arquivada.
20. Use o seu tempo ocioso com sabedoria. Lembre-se de que a maior parte das grandes ideias, os grandes livros, as grandes composições musicais, as grandes invenções foram criadas no tempo “ocioso” dos seus criadores.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
De quando a falta de respeito quis me bater
Sabe aquele dia que eu postei o link de "Creep" no Twitter? Pois bem, naquele dia eu quase achei que fosse apanhar na rua. Vou contar a história para vocês.
Num dia como qualquer outro, eu atravessava a rua na faixa de pedestres, enquanto o semáforo estava fechado. Também atravessava a rua uma senhora idosa deficiente visual, guiada por um senhor velhinho, talvez seu irmão ou marido. Os dois, de fato, iam devagar e os ultrapassei sem prestar muita atenção. Mas quando cheguei do outro lado da calçada entendi o que dizia um dos tantos barulhos que a cidade sabe produzir. Gritava-se: "atropela, atropela, atropela!". Isso chamou minha atenção, e me voltei para saber quem e porquê falavam aquilo. Como não podia deixar de ser, o coro vinha de um carro abarrotado de jovens estúpidos, que parecem se sentir sempre muito mais engraçados e corajosos quando estão em grupo. E gritavam "atropela, atropela, atropela" para os velhos (lembro que a senhora era cega).
Eu vendo aquela situação, fiquei muito transtornado com tal falta de civilização. Apontei do dedo (cheio de coragem) para o carro e gritei "Vocês ai!! Vocês são uns babacas!". Isso gerou uma tremenda confusão entre aqueles moleques de 25 anos, alguns parecendo muito dispostos a sair do carro para me pegar. Mas, felizmente, esse impasse foi resolvido em uns 7 segundos, quando o sinal abriu e A motorista não fez questão nenhuma de ficar parada ali.
Na hora eu estava ali, pronto para apanhar, mas depois fiquei muito triste com a situação... e postei "Creep". Me pergunto, que sociedade doida é esse que não respeita seus pais? Ou antes, que não valoriza aqueles que parecem não lhe representar utilidade?
Num dia como qualquer outro, eu atravessava a rua na faixa de pedestres, enquanto o semáforo estava fechado. Também atravessava a rua uma senhora idosa deficiente visual, guiada por um senhor velhinho, talvez seu irmão ou marido. Os dois, de fato, iam devagar e os ultrapassei sem prestar muita atenção. Mas quando cheguei do outro lado da calçada entendi o que dizia um dos tantos barulhos que a cidade sabe produzir. Gritava-se: "atropela, atropela, atropela!". Isso chamou minha atenção, e me voltei para saber quem e porquê falavam aquilo. Como não podia deixar de ser, o coro vinha de um carro abarrotado de jovens estúpidos, que parecem se sentir sempre muito mais engraçados e corajosos quando estão em grupo. E gritavam "atropela, atropela, atropela" para os velhos (lembro que a senhora era cega).
Eu vendo aquela situação, fiquei muito transtornado com tal falta de civilização. Apontei do dedo (cheio de coragem) para o carro e gritei "Vocês ai!! Vocês são uns babacas!". Isso gerou uma tremenda confusão entre aqueles moleques de 25 anos, alguns parecendo muito dispostos a sair do carro para me pegar. Mas, felizmente, esse impasse foi resolvido em uns 7 segundos, quando o sinal abriu e A motorista não fez questão nenhuma de ficar parada ali.
Na hora eu estava ali, pronto para apanhar, mas depois fiquei muito triste com a situação... e postei "Creep". Me pergunto, que sociedade doida é esse que não respeita seus pais? Ou antes, que não valoriza aqueles que parecem não lhe representar utilidade?
Crítica de “Jorge e o Segredo do Universo”, de Lucy e Stephen Hawking
Após ler uma critica positiva sobre o livro, me deparei com ele na Saraiva, e o comprei por R$ 41,90. Pode parecer caro, mas tem-se que levar em consideração o impecável acabamento que a capa recebe (partes em relevo, num fundo só falta brilhar no escuro), dezenas de imagens coloridas impresso num papel bacana (esses direitos impressão são uma fortuna!) e ilustrações muito cuidadosas que dão um ar lúdico e interessante ao livro (fiquei feliz com a perspectiva de voltar a ler um livro com figurinhas). Por fim, há o nome de Stephen Hawking como co-autor do trabalho, uma pessoa cuja produção intelectual eu mais que respeito.
E a proposta do livro é ótima! Seria um livro de ficção voltado ao público infantojuvenil que se propõe a ensinar física e astronomia de uma maneira divertida. Entretanto, comprei, li e achei que o livro não conseguiu cumprir com a proposta, apesar de toda ar de superprodução que o cerca. Dizem ser o melhor do tipo, mas a autora (filha de Stephen Hawking, cuja participação na obra deixa dúvidas) consegue emaranhar de tal forma conceitos de física e outros que servem apenas para compor o cenário que, para uma criança, fica realmente difícil entender o que é ou não científico.
O argumento o livro também não é muito brilhante, com passagens muito óbvias e outras tão forçadas que me peguei perguntando: “não haveria uma outra forma mais normal de isso acontecer?”. Mas os autores têm seus bons momentos e são capazes de realizar construções que acredito só ser possíveis àqueles que realmente fazem ciência, como é o caso do “Juramento do Cientista”, que transcrevo:
"Juro usar meu conhecimento científico para o bem da Humanidade. Prometo jamais causar dano a pessoa alguma na minha busca de sabedoria. Serei corajoso e atento [em] minha busca de maiores conhecimentos a respeito dos mistérios que nos cercam. Não usarei o conhecimento científico em proveito próprio, nem o cederei aos que procuram destruir o maravilhoso universo em que vivemos. Se eu quebrar este Juramento, que a beleza e a maravilha do universo permaneçam eternamente ocultas para mim." (HAWKING, L. & HAWKING, S. George e o sefredo do Universo. 46-47. Ediouro. 2007.
Realmente brilhante!
"Juro usar meu conhecimento científico para o bem da Humanidade. Prometo jamais causar dano a pessoa alguma na minha busca de sabedoria. Serei corajoso e atento [em] minha busca de maiores conhecimentos a respeito dos mistérios que nos cercam. Não usarei o conhecimento científico em proveito próprio, nem o cederei aos que procuram destruir o maravilhoso universo em que vivemos. Se eu quebrar este Juramento, que a beleza e a maravilha do universo permaneçam eternamente ocultas para mim." (HAWKING, L. & HAWKING, S. George e o sefredo do Universo. 46-47. Ediouro. 2007.
Realmente brilhante!
A edição da Ediouro, que vai na segunda reimpressão, ainda conta com alguns errinhos, como o caso da frase “A princípio ficou satisfeito por ter não poder vê-la”, onde claramente tem um “ter” sobrando. Uma falta de cuidado da editora, que parece ter escalado um único revisor.
Ainda assim, foi uma boa leitura, e acho que poderia vir a ser um bom presente para um juvenil com interesse inicial por questões relacionadas à astronomia (também tem a questão de não haver outros para recomendar).
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