terça-feira, 24 de julho de 2012

Crítica do livro "O Fim da Eternidade", de Isaac Asimov

Isaac Asimov foi professor titular de bioquímica da universidade de Boston. O ambiente em que trabalhou certamente tem grande influência nas obras que produziu. Seu gênero é muito diferente da chamada literatura fantástica, pois cria e desenvolve conceitos da ficção científica calcadas na lógica, e em seu livro "O fim da Eternidade" faz sérias elucubrações das implicações da viagem no tempo. 
Neste livro, Asimov nos convida a acompanhar o Técnico Andrew Harlen por suas viagens através dos séculos e sua crise entre modificar o rumo da humanidade para uma realidade alternativa em que as pessoas sejam mais felizes, ou a de salvar a mulher que ama, Noys Lambent. 
Temos assim o acréscimo de elemento inédito para as obras de Asimov: o romance. Apesar de novato na área, rege com maestria os momentos em que Harlen e Noys estão à sós e permitem-se ser sinceros um com o outro. 
Como habitual, há capítulos de grande tensão, em que a movimentação é menos física e mais intelectual. Somos conduzidos pela intrincada mensuração de possíveis ações e reações, as quais são descortinadas no tempo preciso. O autor sabe produzir tamanho envolvimento entre o leitor e os personagens, e suscitar no primeira tamanha ansiedade com o destino dos protagonistas que, confesso, por duas vezes, no meio do livro, virei a página apenas para me tranquilizar de que eles haviam sobrevivido. 
Me agrada sobremaneira a versatilidade da escrita de Asimov e o quanto ele é capaz provocar emoções tão distintas. Mas nada se compara ao final positivamente surpreendente da trama, quando percebe-se que nas 250 páginas não há um único diálogo que não esteja, de alguma forma, colaborando para aquele desfecho. É quando temos noção da genialidade de Asimov e o quanto cada capítulo foi cuidadosamente medido para dar ao leitor informações essenciais sobre os personagens sem "estragar a surpresa", mas ainda assim lhe fazendo pensar "como eu não percebi isso antes?" (com apenas uma exceção que, infelizmente, consegui antever). 
Ao voltar o livro para a prateleira me agradou constatar o quanto minha mente viajou longe, com os sentimentos à flor da pele, sem que eu tenha saído de minha poltrona. Sem pensar duas vezes, recomendo o livro.

P.S.: Obrigado, Otávio, pelo presente.