sábado, 29 de janeiro de 2011

EUA tentaram impedir programa brasileiro de foguetes, revela WikiLeaks

Publicado por O Globo
Por José Meirelles Passos


RIO - Ainda que o Senado brasileiro venha a ratificar o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas EUA-Brasil (TSA, na sigla em inglês), o governo dos Estados Unidos não quer que o Brasil tenha um programa próprio de produção de foguetes espaciais. Por isso, além de não apoiar o desenvolvimento desses veículos, as autoridades americanas pressionam parceiros do país nessa área - como a Ucrânia - a não transferir tecnologia do setor aos cientistas brasileiros.
A restrição dos EUA está registrada claramente em telegrama que o Departamento de Estado enviou à embaixada americana em Brasília, em janeiro de 2009 - revelado agora pelo WikiLeaks ao GLOBO. O documento contém uma resposta a um apelo feito pela embaixada da Ucrânia, no Brasil, para que os EUA reconsiderassem a sua negativa de apoiar a parceria Ucrânia-Brasil, para atividades na Base de Alcântara no Maranhão, e permitissem que firmas americanas de satélite pudessem usar aquela plataforma de lançamentos.
Além de ressaltar que o custo seria 30% mais barato, devido à localização geográfica de Alcântara, os ucranianos apresentaram uma justificativa política: "O seu principal argumento era o de que se os EUA não derem tal passo, os russos preencheriam o vácuo e se tornariam os parceiros principais do Brasil em cooperação espacial" - ressalta o telegrama que a embaixada enviara a Washington.
A resposta americana foi clara. A missão em Brasília deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr Lakomov, que "embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil". Mais adiante, um alerta: "Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil".
O Senado brasileiro se nega a ratificar o TSA, assinado entre EUA e Brasil em abril de 2000, porque as salvaguardas incluem concessão de áreas, em Alcântara, que ficariam sob controle direto e exclusivo dos EUA. Além disso, permitiriam inspeções americanas à base de lançamentos sem prévio aviso ao Brasil. Os ucranianos se ofereceram, em 2008, para convencer os senadores brasileiros a aprovarem o acordo, mas os EUA dispensaram tal ajuda.
Os EUA não permitem o lançamento de satélites americanos desde Alcântara, ou fabricados por outros países mas que contenham componentes americanos, "devido à nossa política, de longa data, de não encorajar o programa de foguetes espaciais do Brasil", diz outro documento confidencial.


Viagem de astronauta brasileiro é ironizada


Sob o título "Pegando Carona no Espaço", um outro telegrama descreve com menosprezo o voo do primeiro astronauta brasileiro, Marcos Cesar Pontes, à Estação Espacial Internacional levado por uma nave russa ao preço de US$ 10,5 milhões - enquanto um cientista americano, Gregory Olsen, pagara à Rússia US$ 20 milhões por uma viagem idêntica.
A embaixada definiu o voo de Pontes como um gesto da Rússia, no sentido de obter em troca a possibilidade de lançar satélites desde Alcântara. E, também, como uma jogada política visando a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Num ano eleitoral, em que o presidente Lula sob e desce nas pesquisas, não é difícil imaginar a quem esse golpe publicitário deve beneficiar.
Essa pode ser a palavra final numa missão que, no final das contas, pode ser, meramente 'um pequeno passo' para o Brasil" - diz o comentário da embaixada dos EUA, numa alusão jocosa à célebre frase de Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na Lua, dizendo que seu feito se tratava de um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Roubo de pedras lunares por estagiários da Nasa será tema de filme

Publicado por Folha.com
Por RICARDO MIOTO


A história real de como três estagiários da Nasa roubaram pedras lunares que valem milhões será agora contada nos cinemas.
O longa-metragem está começando agora a ser produzido por Scott Rudin, que também fez os aclamados "A Rede Social" e "Onde os Fracos Não Têm Vez". Ele já tem título: "Sexo na Lua".
O protagonista será Thad Roberts, estagiário da Nasa que, aos 25 anos, em 2002, conseguiu driblar os sofisticados mecanismos de segurança da agência para tomar para si as pedras recolhidas na Lua entre 1969 e 1972.
Ele contou com a colaboração de outras duas estagiárias. Tiffany Fowler, 22, que estava apaixonada por Roberts, e Shae Saur, 19.
A história do roubo realizado pelos três começa a ser melhor contada agora, em função de um novo livro prestes a ser lançado nos Estados Unidos, que deve inspirar o roteiro ainda em desenvolvimento do filme.
Primeiro eles utilizaram seus crachás da Nasa para ter acesso a uma área reservada do centro espacial.
Depois, deram de cara com uma porta que, para abrir, exigia uma senha que só gente mais importante do que eles tinha.
Eles não tiveram dificuldade, porém, para adivinhar a senha de um dos seus chefes, que tinha autorização para entrar no setor --o "password" não chegou a ser divulgado, mas, pela facilidade, pode-se supor algo como a sua data de aniversário.
Passada essa barreira, não tiveram dificuldades para ter acesso a uma pesada caixa de 600 quilos, parecida com um armário reforçado, que guardava 101 gramas de pedras lunares coletadas pelas missões Apollo.
Roberts chegou a machucar o seu braço, mas conseguiu colocar a caixa sobre um carrinho e levá-la para o seu carro --se alguém viu, não suspeitou de nada.
Os três levaram a caixa para um hotel, quando descobriram que ela exigia mais um código para abrir --e esse eles não conseguiram adivinhar. O jeito foi usar uma serra elétrica. A caixa foi serrada por horas até abrir.
O trio jogou fora os 600 quilos inúteis e guardou os valiosos 101 gramas. Muito valiosos: segundo o FBI, cada grama de pedra lunar vale entre US$ 1.000 e US$ 5.000 no mercado negro --sim, existindo oferta, até pedras lunares podem ter o seu mercado negro.
Roberts achou possíveis compradores entrando em contato com membros do Clube de Mineralogia de Antuérpia (Bélgica) --há gente com todo tipo de interesse no mundo, e foi por esse caminho que o FBI chegou aos três jovens ladrões.
Um dos membros do clube belga dedurou o esquema para os agentes americanos, que entraram então em contato com Roberts fingindo serem potenciais compradores.
Combinaram um encontro em um restaurante italiano em Orlando na Flórida, onde Roberts, Fowler e um amigo do casal foram surpreendidos pelo FBI.
Os agentes encontraram as pedras lunares no hotel onde eles estavam hospedados na cidade, resolvendo assim o caso.
Roberts, mentor do roubo, pegou quase 10 anos de prisão em uma cadeia federal, e ainda cumpre pena. Suas colegas pegaram penas menores, e já estão soltas.

Loira de olho azul

"Sexo na Lua", que deve ser o título do filme sobre o roubo das pedras lunares, é também o título do livro do escritor americano Ben Mezrich sobre o assunto.
Mezrich, cujo livro anterior já tinha sido utilizado como referência para o filme "A Rede Social", ainda está trabalhando na obra, que deve ser lançada nos próximos meses nos EUA.
"Sexo na Lua" porque ele deve dar grande atenção ao relacionamento entre Thad Roberts, mentor do crime, e Tiffany Fowler, sua cúmplice, estagiários da Nasa.
Roberts era um aluno de física da Universidade de Utah considerado brilhante. Logo que foi à Nasa, se encantou com Fowler, uma bióloga loira de olhos azuis recém-formada. Fowler também se impressionou com Roberts. "Ele era muito inteligente, muito bom em tudo", disse ao "Los Angeles Times".
Foram então morar juntos, e Roberts justificou o plano do roubo dizendo que queria "dar a Lua" à loira.
Ele levou a sério a ideia: quando foram pegos, os dois, em depoimento, contaram aos agentes do FBI que chegaram a fazer sexo em meio às pedras lunares roubadas.
Não foi o suficiente para danificar as pedras, que voltaram para a Nasa.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Menina de 10 anos descobre supernova

Fonte: Revista Galileu; 04/01/2011. 
A jovem canadense Kathryn Aurora Gray, de apenas 10 anos, se tornou a pessoa mais nova a descobrir uma supernova, segundo anunciou a Sociedade Real de Astronomia do Canadá. De acordo com a instituição, a garota localizou a supernova na constelacao de Camelopardalis enquanto observava imagens do espaço registradas pelo Observatorio Abbey Ridge no computador de sua casa. Kathryn, em entrevista à rede canadense CBC News, disse estar muito animada com a descoberta. "Eu fiquei muito feliz quando vi as imagens, mas não tinha muita certeza que era uma supernova", afirmou. A descoberta foi confirmada em seguida por dois astrônomos profissionais e encaminhada para a União Astronômica Internacional. 
Supernova é o nome dado a corpos celestes surgidos após explosao de estrelas de muita massa. Uma vez que a supernova pode ofuscar milhões de estrelas normais, ela pode ser vista com telescópios amadores. Esse tipo de formação é interessante aos astrônomos porque contém a maioria dos elementos químicos que juntos formaram a Terra e outros planetas. Além disso, supernovas distantes podem ser usadas para estimar o tamanho e a idade do nosso universo. 

As Melhores Fotos em Astronomia 2/5

Eis o segundo post das que considero as melhores fotos astronômicas. Como prometido, vamos "aos poucos" nos afastando da Terra. (Desculpas pela omissão de alguns dos créditos).


A Terra à noite: Essa imagem se tornou um fenômeno em correntes de e-mails, então você provavelmente já esbarrou com ela. As luzes noturnas são particularmente abundantes em países desenvolvidos e áreas populosas. Regiões mais escuras incluem partes da América do Sul, Ásia, Austrália e praticamente toda a África. A imagem é uma composição de centenas de fotos capturadas pelos satélites do DMSP. Pode ser encontrada em maior resolução aqui ou aquiCréditos: C. Mayhew; R. Simmon (NASA/GSFC), NOAA/ NGDC, DMSP.



Pôr do Sol visto da Estação Espacial: Em 24 horas os astronautas/cosmonautas da Estação Espacial Internacional - ISS -  vêm 16 (!!) pores do Sol. Nessa foto temos um pouco desse espetáculo, e nas diferenças das cores distinguimos algumas das camadas da fina atmosfera terrestre. Aparecendo como laranja e amarelo está a troposfera, que contém  80% da massa de ar e praticamente todas as nuvens. Acima, numa camada em azul claro e nuvens brancas está a estratosfera, onde voam os aviões e vivem algumas bactérias. Acima, em azul mais escuro, está primeiro a mesosfera e depois a ionosfera, que se dilui  gradualmente até se confundir com o vácuo do espaço exteriorCréditos: Expedition 23 CrewNASA.


Estação espacial vista de cima: A ISS é o maior objeto feito pelo homem em órbita terrestre. É tão grande que pode ser facilmente vista (se você conhecer previamente a órbita) da Terra, e com a instalação dos novos painéis solares se tornou visível inclusive durante o dia. O Brasil é país membro para a construção da ISS, tendo tido por isso o direito de enviar o brasileiro Marcos Pontes ao espaço, entretanto, até agora não construiu ou pagou por um único parafuso que esteja em órbita (li em algum lugar que o direito ao astronauta brasileiro havia sido revogado pela NASA, e por isso o governo brasileiro pagou ao governo russo para que Pontes viajasse ao espaço como fez qualquer turista espacial). CréditosSTS-130 CrewNASA.


Astronauta instala janela panorâmica: Flutuando do lado de fora da ISS está o astronauta Nicholas Patrick, instalando os últimos detalhes da Cupula, um observatório panorâmico composto por sete janelas. A Cupula faz parte do recém instalado modulo Tranquility.


Observando o lar: A astronauta Tracy Caldwell Dyson observa a Terra desde o Cupola, à 350 quilômetros de altura. A essa distância o horizonte terrestre aparece claramente curvado.


Um vôo livre no espaço: Bruce McCandless II se distanciou 100 metros (mais que qualquer outra pessoa até a época) do ônibus espacial Challenger para tirar essa fantástica fotografia, em 1984. Essa foto é capa do CD da cantora Dido, intitulado "Safe Trip Home" (2008).


Buzz observa Eagle: O astronauta Edwin E."Buzz" Aldrin Jr. olha em direção ao módulo lunar "Eagle" durante a missão Apolo 11, em 1969. Na imagem também aparece a bandeira dos EUA e um sismografo. Não aparece na fotografia, ao lado esquerdo do astronauta, o "Laser Ranging Retro-Reflector" (LR-3) que utiliza o tempo de demora da luz para retornar à Terra para medir a distância entre os dois corpos. Entretando, o LR-3 é mais comumente citato como prova definitiva da ida do homem à Lua. A foto foi tirado por Neil Armstrong. Credit: Neil ArmstrongApollo 11 CrewGRINNASA


Voltando à Terra: Os primeiros humanos a caminhar por outro mundo (Neil Armstrong e Buzz Aldrin) voam para o modulo lunar para encontrar Michael Collins. Depois da mais famosa viagem dos tempos modernos, é hora de voltar para casa. Créditos: Apollo 11NASA.


Messenger fotografa Terra e Lua: A nave espacial Messenger, que está próxima à Mércurio, fez essa linda fotografia, onde a Terra e Lua aparecem como dois pequenos círculos refletindo a luz solar.  CréditosNASA/JHU APL/CIW.


Voyager fotografa Terra: Em 14 de fevereiro de 1990 a Voyager 1 está a 6,4 bilhões de quilômetros de distância (depois da óbita de plutão!), e tira uma fotografia da Terra em que nosso mundo aparece como um "palido ponto azul". 

Carl Sagan disse algumas poesias inspirado nesssa foto:

"Olhem de novo para esse ponto. Isso é a nossa casa, isso somos nós. Nele, todos a quem amam, todos a quem conhecem, qualquer um do quem escutaram falar, cada ser humano que existiu, viveram as suas vidas. O agregado da nossa alegria e nosso sofrimento, milhares de religiões autênticas, ideologias e doutrinas econômicas, cada caçador e colheitador, cada herói e covarde, cada criador e destruidor de civilização, cada rei e camponês, cada casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada mestre de ética, cada político corrupto, cada superestrela, cada líder supremo, cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu aí, num grão de pó suspenso num raio de sol.
"A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena cósmica. Pensai nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperadores, para que, na sua glória e triunfo, vieram eles ser amos momentâneos duma fração desse ponto. Pensai nas crueldades sem fim infligidas pelos moradores dum canto deste pixel aos quase indistinguíveis moradores dalgum outro canto, quão frequentes as suas incompreensões, quão ávidos de se matar uns aos outros, quão veementes os seus ódios.
"As nossas exageradas atitudes, a nossa suposta auto-importância, a ilusão de termos qualquer posição de privilégio no Universo, são reptadas por este pontinho de luz frouxa. O nosso planeta é um grão solitário na grande e envolvente escuridão cósmica. Na nossa obscuridade, em toda esta vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de algures para nos salvar de nós próprios.
A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que alberga a vida. Não há mais algum, pelo menos no próximo futuro, onde a nossa espécie puder emigrar. Visitar, pôde. Assentar-se, ainda não. Gostarmos ou não, por enquanto, a Terra é onde temos de ficar.
"Tem-se falado da astronomia como uma experiência criadora de firmeza e humildade. Não há, talvez, melhor demonstração das tolas e vãs soberbas humanas do que esta distante imagem do nosso miúdo mundo. Para mim, acentua a nossa responsabilidade para nos portar mais amavelmente uns para com os outros, e para protegermos e acarinharmos o ponto azul pálido, o único lar que tenhamos conhecido."