sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ensinando física de um modo diferente

Um pequeno diálogo criado para explicar a velocidade da luz e o que realmente observamos.

Thiago: Rodrigo, eu estava em casa lendo uma revista de ciência e uma reportagem falava que quando assistimos ao pôr do Sol, na verdade ele já se pôs. Mas como isso é possível?
Rodrigo: Sim, para os minutos finais isso é verdade. Isso acontece porque nós vemos o Sol como ele era 8 minutos atrás, quer dizer, nós nunca enxergamos como ele está agora, ou na sua real posição no céu.
Thiago: Quer dizer que o que vemos não é realmente o que está acontecendo?
Rodrigo: Pode se dizer que sim. Mas para o Sol está muito, muito distante, e isso faz com que o vejamos mais no passado do que a maioria das outras coisas.
Thiago: Então você está me dizendo que o passado e o presente existem ao mesmo tempo? Porque eu vejo no presente as coisas que estão no passado... quer dizer, eu estou no presente, certo?
Rodrigo: Tudo o que vemos está no passado,e quanto mais distante está o objeto, mais no passado ele está. Isso porque não vemos o objeto em si, vemos a luz que viaja até nossos olhos a uma velocidade finita de 300.000 km/s, o que é muito, muito rápido. Mas você é o observador, o referencial, que está a uma distância nula de si mesmo, nesse sentido você está mais no presente que aquilo que você observa, que está mais distante.
Thiago: Deixe-me ver se entendi: como a distância entre eu e mim mesmo e você e você mesmo é zero, podemos dizer que vemos um ao outro no passado, apesar de vermos a nós mesmos no presente?
Rodrigo: Como a luz viaja muito rápido, o passado e o presente se confundem quando o que observamos está relativamente próximos à nós – algumas centenas de quilômetros –, e tudo pode ser resumido ao presente. Por isso podemos dizer que nós dois vivemos no presente e nos observamos no presente, apesar de a distância até o objeto não ser zero... mas se eu estivesse na Lua e você aqui, já não poderíamos falar isso.
Thiago: Mas falamos de passado e presente, e fico me perguntando o que seria o tempo.
Rodrigo: Bem... isso já é uma outra história.

4 comentários:

  1. Lendo esta sua entrevista passo a compreender um pouquinho mais de vc... as vezes parece tao complicado sabermos de certas coisas. Fico a me questinor sobre o conhecimento e a ignorânica versus nossas manifestações.
    Singular.... meu caro Rodrigo! rs

    ResponderExcluir
  2. Bem explicado! Você tem talento pra ensinar. Beijos!

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir