Um pequeno diálogo criado para explicar a velocidade da luz e o que realmente observamos.
Thiago: Rodrigo, eu estava em casa lendo uma revista de ciência e uma reportagem falava que quando assistimos ao pôr do Sol, na verdade ele já se pôs. Mas como isso é possível?
Rodrigo: Sim, para os minutos finais isso é verdade. Isso acontece porque nós vemos o Sol como ele era 8 minutos atrás, quer dizer, nós nunca enxergamos como ele está agora, ou na sua real posição no céu.
Thiago: Quer dizer que o que vemos não é realmente o que está acontecendo?
Rodrigo: Pode se dizer que sim. Mas para o Sol está muito, muito distante, e isso faz com que o vejamos mais no passado do que a maioria das outras coisas.
Thiago: Então você está me dizendo que o passado e o presente existem ao mesmo tempo? Porque eu vejo no presente as coisas que estão no passado... quer dizer, eu estou no presente, certo?
Rodrigo: Tudo o que vemos está no passado,e quanto mais distante está o objeto, mais no passado ele está. Isso porque não vemos o objeto em si, vemos a luz que viaja até nossos olhos a uma velocidade finita de 300.000 km/s, o que é muito, muito rápido. Mas você é o observador, o referencial, que está a uma distância nula de si mesmo, nesse sentido você está mais no presente que aquilo que você observa, que está mais distante.
Thiago: Deixe-me ver se entendi: como a distância entre eu e mim mesmo e você e você mesmo é zero, podemos dizer que vemos um ao outro no passado, apesar de vermos a nós mesmos no presente?
Rodrigo: Como a luz viaja muito rápido, o passado e o presente se confundem quando o que observamos está relativamente próximos à nós – algumas centenas de quilômetros –, e tudo pode ser resumido ao presente. Por isso podemos dizer que nós dois vivemos no presente e nos observamos no presente, apesar de a distância até o objeto não ser zero... mas se eu estivesse na Lua e você aqui, já não poderíamos falar isso.
Thiago: Mas falamos de passado e presente, e fico me perguntando o que seria o tempo.
Rodrigo: Bem... isso já é uma outra história.
sexta-feira, 29 de abril de 2011
quarta-feira, 9 de março de 2011
O Pálido Ponto Azul
Para quebrar o silêncio, partilho (apesar de achar que todos já conhecem) um dos textos mais inspirados e inspiradores que já tive a oportunidade de ler:
E um dos gestos mais incríveis que já foram capturados:
Usava esse material (recitava parde do texto e projetava uma outra versão do vídeo) nas palestras de "Astronomia e Consciência Ecológica" que costumava ministrar em escolas públicas.
E um dos gestos mais incríveis que já foram capturados:
Usava esse material (recitava parde do texto e projetava uma outra versão do vídeo) nas palestras de "Astronomia e Consciência Ecológica" que costumava ministrar em escolas públicas.
sábado, 29 de janeiro de 2011
EUA tentaram impedir programa brasileiro de foguetes, revela WikiLeaks
Publicado por O Globo
Por José Meirelles Passos
RIO - Ainda que o Senado brasileiro venha a ratificar o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas EUA-Brasil (TSA, na sigla em inglês), o governo dos Estados Unidos não quer que o Brasil tenha um programa próprio de produção de foguetes espaciais. Por isso, além de não apoiar o desenvolvimento desses veículos, as autoridades americanas pressionam parceiros do país nessa área - como a Ucrânia - a não transferir tecnologia do setor aos cientistas brasileiros.
A restrição dos EUA está registrada claramente em telegrama que o Departamento de Estado enviou à embaixada americana em Brasília, em janeiro de 2009 - revelado agora pelo WikiLeaks ao GLOBO. O documento contém uma resposta a um apelo feito pela embaixada da Ucrânia, no Brasil, para que os EUA reconsiderassem a sua negativa de apoiar a parceria Ucrânia-Brasil, para atividades na Base de Alcântara no Maranhão, e permitissem que firmas americanas de satélite pudessem usar aquela plataforma de lançamentos.
Além de ressaltar que o custo seria 30% mais barato, devido à localização geográfica de Alcântara, os ucranianos apresentaram uma justificativa política: "O seu principal argumento era o de que se os EUA não derem tal passo, os russos preencheriam o vácuo e se tornariam os parceiros principais do Brasil em cooperação espacial" - ressalta o telegrama que a embaixada enviara a Washington.
A resposta americana foi clara. A missão em Brasília deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr Lakomov, que "embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil". Mais adiante, um alerta: "Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil".
O Senado brasileiro se nega a ratificar o TSA, assinado entre EUA e Brasil em abril de 2000, porque as salvaguardas incluem concessão de áreas, em Alcântara, que ficariam sob controle direto e exclusivo dos EUA. Além disso, permitiriam inspeções americanas à base de lançamentos sem prévio aviso ao Brasil. Os ucranianos se ofereceram, em 2008, para convencer os senadores brasileiros a aprovarem o acordo, mas os EUA dispensaram tal ajuda.
Os EUA não permitem o lançamento de satélites americanos desde Alcântara, ou fabricados por outros países mas que contenham componentes americanos, "devido à nossa política, de longa data, de não encorajar o programa de foguetes espaciais do Brasil", diz outro documento confidencial.
Viagem de astronauta brasileiro é ironizada
Sob o título "Pegando Carona no Espaço", um outro telegrama descreve com menosprezo o voo do primeiro astronauta brasileiro, Marcos Cesar Pontes, à Estação Espacial Internacional levado por uma nave russa ao preço de US$ 10,5 milhões - enquanto um cientista americano, Gregory Olsen, pagara à Rússia US$ 20 milhões por uma viagem idêntica.
A embaixada definiu o voo de Pontes como um gesto da Rússia, no sentido de obter em troca a possibilidade de lançar satélites desde Alcântara. E, também, como uma jogada política visando a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Num ano eleitoral, em que o presidente Lula sob e desce nas pesquisas, não é difícil imaginar a quem esse golpe publicitário deve beneficiar.
Essa pode ser a palavra final numa missão que, no final das contas, pode ser, meramente 'um pequeno passo' para o Brasil" - diz o comentário da embaixada dos EUA, numa alusão jocosa à célebre frase de Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na Lua, dizendo que seu feito se tratava de um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade.
Por José Meirelles Passos
RIO - Ainda que o Senado brasileiro venha a ratificar o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas EUA-Brasil (TSA, na sigla em inglês), o governo dos Estados Unidos não quer que o Brasil tenha um programa próprio de produção de foguetes espaciais. Por isso, além de não apoiar o desenvolvimento desses veículos, as autoridades americanas pressionam parceiros do país nessa área - como a Ucrânia - a não transferir tecnologia do setor aos cientistas brasileiros.
A restrição dos EUA está registrada claramente em telegrama que o Departamento de Estado enviou à embaixada americana em Brasília, em janeiro de 2009 - revelado agora pelo WikiLeaks ao GLOBO. O documento contém uma resposta a um apelo feito pela embaixada da Ucrânia, no Brasil, para que os EUA reconsiderassem a sua negativa de apoiar a parceria Ucrânia-Brasil, para atividades na Base de Alcântara no Maranhão, e permitissem que firmas americanas de satélite pudessem usar aquela plataforma de lançamentos.
Além de ressaltar que o custo seria 30% mais barato, devido à localização geográfica de Alcântara, os ucranianos apresentaram uma justificativa política: "O seu principal argumento era o de que se os EUA não derem tal passo, os russos preencheriam o vácuo e se tornariam os parceiros principais do Brasil em cooperação espacial" - ressalta o telegrama que a embaixada enviara a Washington.
A resposta americana foi clara. A missão em Brasília deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr Lakomov, que "embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil". Mais adiante, um alerta: "Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil".
O Senado brasileiro se nega a ratificar o TSA, assinado entre EUA e Brasil em abril de 2000, porque as salvaguardas incluem concessão de áreas, em Alcântara, que ficariam sob controle direto e exclusivo dos EUA. Além disso, permitiriam inspeções americanas à base de lançamentos sem prévio aviso ao Brasil. Os ucranianos se ofereceram, em 2008, para convencer os senadores brasileiros a aprovarem o acordo, mas os EUA dispensaram tal ajuda.
Os EUA não permitem o lançamento de satélites americanos desde Alcântara, ou fabricados por outros países mas que contenham componentes americanos, "devido à nossa política, de longa data, de não encorajar o programa de foguetes espaciais do Brasil", diz outro documento confidencial.
Viagem de astronauta brasileiro é ironizada
Sob o título "Pegando Carona no Espaço", um outro telegrama descreve com menosprezo o voo do primeiro astronauta brasileiro, Marcos Cesar Pontes, à Estação Espacial Internacional levado por uma nave russa ao preço de US$ 10,5 milhões - enquanto um cientista americano, Gregory Olsen, pagara à Rússia US$ 20 milhões por uma viagem idêntica.
A embaixada definiu o voo de Pontes como um gesto da Rússia, no sentido de obter em troca a possibilidade de lançar satélites desde Alcântara. E, também, como uma jogada política visando a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Num ano eleitoral, em que o presidente Lula sob e desce nas pesquisas, não é difícil imaginar a quem esse golpe publicitário deve beneficiar.
Essa pode ser a palavra final numa missão que, no final das contas, pode ser, meramente 'um pequeno passo' para o Brasil" - diz o comentário da embaixada dos EUA, numa alusão jocosa à célebre frase de Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na Lua, dizendo que seu feito se tratava de um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Roubo de pedras lunares por estagiários da Nasa será tema de filme
Publicado por Folha.com
Por RICARDO MIOTO
A história real de como três estagiários da Nasa roubaram pedras lunares que valem milhões será agora contada nos cinemas.
O longa-metragem está começando agora a ser produzido por Scott Rudin, que também fez os aclamados "A Rede Social" e "Onde os Fracos Não Têm Vez". Ele já tem título: "Sexo na Lua".
O protagonista será Thad Roberts, estagiário da Nasa que, aos 25 anos, em 2002, conseguiu driblar os sofisticados mecanismos de segurança da agência para tomar para si as pedras recolhidas na Lua entre 1969 e 1972.
Ele contou com a colaboração de outras duas estagiárias. Tiffany Fowler, 22, que estava apaixonada por Roberts, e Shae Saur, 19.
A história do roubo realizado pelos três começa a ser melhor contada agora, em função de um novo livro prestes a ser lançado nos Estados Unidos, que deve inspirar o roteiro ainda em desenvolvimento do filme.
Primeiro eles utilizaram seus crachás da Nasa para ter acesso a uma área reservada do centro espacial.
Depois, deram de cara com uma porta que, para abrir, exigia uma senha que só gente mais importante do que eles tinha.
Eles não tiveram dificuldade, porém, para adivinhar a senha de um dos seus chefes, que tinha autorização para entrar no setor --o "password" não chegou a ser divulgado, mas, pela facilidade, pode-se supor algo como a sua data de aniversário.
Passada essa barreira, não tiveram dificuldades para ter acesso a uma pesada caixa de 600 quilos, parecida com um armário reforçado, que guardava 101 gramas de pedras lunares coletadas pelas missões Apollo.
Roberts chegou a machucar o seu braço, mas conseguiu colocar a caixa sobre um carrinho e levá-la para o seu carro --se alguém viu, não suspeitou de nada.
Os três levaram a caixa para um hotel, quando descobriram que ela exigia mais um código para abrir --e esse eles não conseguiram adivinhar. O jeito foi usar uma serra elétrica. A caixa foi serrada por horas até abrir.
O trio jogou fora os 600 quilos inúteis e guardou os valiosos 101 gramas. Muito valiosos: segundo o FBI, cada grama de pedra lunar vale entre US$ 1.000 e US$ 5.000 no mercado negro --sim, existindo oferta, até pedras lunares podem ter o seu mercado negro.
Roberts achou possíveis compradores entrando em contato com membros do Clube de Mineralogia de Antuérpia (Bélgica) --há gente com todo tipo de interesse no mundo, e foi por esse caminho que o FBI chegou aos três jovens ladrões.
Um dos membros do clube belga dedurou o esquema para os agentes americanos, que entraram então em contato com Roberts fingindo serem potenciais compradores.
Combinaram um encontro em um restaurante italiano em Orlando na Flórida, onde Roberts, Fowler e um amigo do casal foram surpreendidos pelo FBI.
Os agentes encontraram as pedras lunares no hotel onde eles estavam hospedados na cidade, resolvendo assim o caso.
Roberts, mentor do roubo, pegou quase 10 anos de prisão em uma cadeia federal, e ainda cumpre pena. Suas colegas pegaram penas menores, e já estão soltas.
Loira de olho azul
"Sexo na Lua", que deve ser o título do filme sobre o roubo das pedras lunares, é também o título do livro do escritor americano Ben Mezrich sobre o assunto.
Mezrich, cujo livro anterior já tinha sido utilizado como referência para o filme "A Rede Social", ainda está trabalhando na obra, que deve ser lançada nos próximos meses nos EUA.
"Sexo na Lua" porque ele deve dar grande atenção ao relacionamento entre Thad Roberts, mentor do crime, e Tiffany Fowler, sua cúmplice, estagiários da Nasa.
Roberts era um aluno de física da Universidade de Utah considerado brilhante. Logo que foi à Nasa, se encantou com Fowler, uma bióloga loira de olhos azuis recém-formada. Fowler também se impressionou com Roberts. "Ele era muito inteligente, muito bom em tudo", disse ao "Los Angeles Times".
Foram então morar juntos, e Roberts justificou o plano do roubo dizendo que queria "dar a Lua" à loira.
Ele levou a sério a ideia: quando foram pegos, os dois, em depoimento, contaram aos agentes do FBI que chegaram a fazer sexo em meio às pedras lunares roubadas.
Não foi o suficiente para danificar as pedras, que voltaram para a Nasa.
Por RICARDO MIOTO
A história real de como três estagiários da Nasa roubaram pedras lunares que valem milhões será agora contada nos cinemas.
O longa-metragem está começando agora a ser produzido por Scott Rudin, que também fez os aclamados "A Rede Social" e "Onde os Fracos Não Têm Vez". Ele já tem título: "Sexo na Lua".
O protagonista será Thad Roberts, estagiário da Nasa que, aos 25 anos, em 2002, conseguiu driblar os sofisticados mecanismos de segurança da agência para tomar para si as pedras recolhidas na Lua entre 1969 e 1972.
Ele contou com a colaboração de outras duas estagiárias. Tiffany Fowler, 22, que estava apaixonada por Roberts, e Shae Saur, 19.
A história do roubo realizado pelos três começa a ser melhor contada agora, em função de um novo livro prestes a ser lançado nos Estados Unidos, que deve inspirar o roteiro ainda em desenvolvimento do filme.
Primeiro eles utilizaram seus crachás da Nasa para ter acesso a uma área reservada do centro espacial.
Depois, deram de cara com uma porta que, para abrir, exigia uma senha que só gente mais importante do que eles tinha.
Eles não tiveram dificuldade, porém, para adivinhar a senha de um dos seus chefes, que tinha autorização para entrar no setor --o "password" não chegou a ser divulgado, mas, pela facilidade, pode-se supor algo como a sua data de aniversário.
Passada essa barreira, não tiveram dificuldades para ter acesso a uma pesada caixa de 600 quilos, parecida com um armário reforçado, que guardava 101 gramas de pedras lunares coletadas pelas missões Apollo.
Roberts chegou a machucar o seu braço, mas conseguiu colocar a caixa sobre um carrinho e levá-la para o seu carro --se alguém viu, não suspeitou de nada.
Os três levaram a caixa para um hotel, quando descobriram que ela exigia mais um código para abrir --e esse eles não conseguiram adivinhar. O jeito foi usar uma serra elétrica. A caixa foi serrada por horas até abrir.
O trio jogou fora os 600 quilos inúteis e guardou os valiosos 101 gramas. Muito valiosos: segundo o FBI, cada grama de pedra lunar vale entre US$ 1.000 e US$ 5.000 no mercado negro --sim, existindo oferta, até pedras lunares podem ter o seu mercado negro.
Roberts achou possíveis compradores entrando em contato com membros do Clube de Mineralogia de Antuérpia (Bélgica) --há gente com todo tipo de interesse no mundo, e foi por esse caminho que o FBI chegou aos três jovens ladrões.
Um dos membros do clube belga dedurou o esquema para os agentes americanos, que entraram então em contato com Roberts fingindo serem potenciais compradores.
Combinaram um encontro em um restaurante italiano em Orlando na Flórida, onde Roberts, Fowler e um amigo do casal foram surpreendidos pelo FBI.
Os agentes encontraram as pedras lunares no hotel onde eles estavam hospedados na cidade, resolvendo assim o caso.
Roberts, mentor do roubo, pegou quase 10 anos de prisão em uma cadeia federal, e ainda cumpre pena. Suas colegas pegaram penas menores, e já estão soltas.
Loira de olho azul
"Sexo na Lua", que deve ser o título do filme sobre o roubo das pedras lunares, é também o título do livro do escritor americano Ben Mezrich sobre o assunto.
Mezrich, cujo livro anterior já tinha sido utilizado como referência para o filme "A Rede Social", ainda está trabalhando na obra, que deve ser lançada nos próximos meses nos EUA.
"Sexo na Lua" porque ele deve dar grande atenção ao relacionamento entre Thad Roberts, mentor do crime, e Tiffany Fowler, sua cúmplice, estagiários da Nasa.
Roberts era um aluno de física da Universidade de Utah considerado brilhante. Logo que foi à Nasa, se encantou com Fowler, uma bióloga loira de olhos azuis recém-formada. Fowler também se impressionou com Roberts. "Ele era muito inteligente, muito bom em tudo", disse ao "Los Angeles Times".
Foram então morar juntos, e Roberts justificou o plano do roubo dizendo que queria "dar a Lua" à loira.
Ele levou a sério a ideia: quando foram pegos, os dois, em depoimento, contaram aos agentes do FBI que chegaram a fazer sexo em meio às pedras lunares roubadas.
Não foi o suficiente para danificar as pedras, que voltaram para a Nasa.
domingo, 9 de janeiro de 2011
Menina de 10 anos descobre supernova
Fonte: Revista Galileu; 04/01/2011.
A jovem canadense Kathryn Aurora Gray, de apenas 10 anos, se tornou a pessoa mais nova a descobrir uma supernova, segundo anunciou a Sociedade Real de Astronomia do Canadá. De acordo com a instituição, a garota localizou a supernova na constelacao de Camelopardalis enquanto observava imagens do espaço registradas pelo Observatorio Abbey Ridge no computador de sua casa. Kathryn, em entrevista à rede canadense CBC News, disse estar muito animada com a descoberta. "Eu fiquei muito feliz quando vi as imagens, mas não tinha muita certeza que era uma supernova", afirmou. A descoberta foi confirmada em seguida por dois astrônomos profissionais e encaminhada para a União Astronômica Internacional.
Supernova é o nome dado a corpos celestes surgidos após explosao de estrelas de muita massa. Uma vez que a supernova pode ofuscar milhões de estrelas normais, ela pode ser vista com telescópios amadores. Esse tipo de formação é interessante aos astrônomos porque contém a maioria dos elementos químicos que juntos formaram a Terra e outros planetas. Além disso, supernovas distantes podem ser usadas para estimar o tamanho e a idade do nosso universo.
Supernova é o nome dado a corpos celestes surgidos após explosao de estrelas de muita massa. Uma vez que a supernova pode ofuscar milhões de estrelas normais, ela pode ser vista com telescópios amadores. Esse tipo de formação é interessante aos astrônomos porque contém a maioria dos elementos químicos que juntos formaram a Terra e outros planetas. Além disso, supernovas distantes podem ser usadas para estimar o tamanho e a idade do nosso universo.
As Melhores Fotos em Astronomia 2/5
Eis o segundo post das que considero as melhores fotos astronômicas. Como prometido, vamos "aos poucos" nos afastando da Terra. (Desculpas pela omissão de alguns dos créditos). |
A Terra à noite: Essa imagem se tornou um fenômeno em correntes de e-mails, então você provavelmente já esbarrou com ela. As luzes noturnas são particularmente abundantes em países desenvolvidos e áreas populosas. Regiões mais escuras incluem partes da América do Sul, Ásia, Austrália e praticamente toda a África. A imagem é uma composição de centenas de fotos capturadas pelos satélites do DMSP. Pode ser encontrada em maior resolução aqui ou aqui. Créditos: C. Mayhew; R. Simmon (NASA/GSFC), NOAA/ NGDC, DMSP.
Pôr do Sol visto da Estação Espacial: Em 24 horas os astronautas/cosmonautas da Estação Espacial Internacional - ISS - vêm 16 (!!) pores do Sol. Nessa foto temos um pouco desse espetáculo, e nas diferenças das cores distinguimos algumas das camadas da fina atmosfera terrestre. Aparecendo como laranja e amarelo está a troposfera, que contém 80% da massa de ar e praticamente todas as nuvens. Acima, numa camada em azul claro e nuvens brancas está a estratosfera, onde voam os aviões e vivem algumas bactérias. Acima, em azul mais escuro, está primeiro a mesosfera e depois a ionosfera, que se dilui gradualmente até se confundir com o vácuo do espaço exterior. Créditos: Expedition 23 Crew, NASA.
Estação espacial vista de cima: A ISS é o maior objeto feito pelo homem em órbita terrestre. É tão grande que pode ser facilmente vista (se você conhecer previamente a órbita) da Terra, e com a instalação dos novos painéis solares se tornou visível inclusive durante o dia. O Brasil é país membro para a construção da ISS, tendo tido por isso o direito de enviar o brasileiro Marcos Pontes ao espaço, entretanto, até agora não construiu ou pagou por um único parafuso que esteja em órbita (li em algum lugar que o direito ao astronauta brasileiro havia sido revogado pela NASA, e por isso o governo brasileiro pagou ao governo russo para que Pontes viajasse ao espaço como fez qualquer turista espacial). Créditos: STS-130 Crew, NASA.
Astronauta instala janela panorâmica: Flutuando do lado de fora da ISS está o astronauta Nicholas Patrick, instalando os últimos detalhes da Cupula, um observatório panorâmico composto por sete janelas. A Cupula faz parte do recém instalado modulo Tranquility.
Observando o lar: A astronauta Tracy Caldwell Dyson observa a Terra desde o Cupola, à 350 quilômetros de altura. A essa distância o horizonte terrestre aparece claramente curvado.
Um vôo livre no espaço: Bruce McCandless II se distanciou 100 metros (mais que qualquer outra pessoa até a época) do ônibus espacial Challenger para tirar essa fantástica fotografia, em 1984. Essa foto é capa do CD da cantora Dido, intitulado "Safe Trip Home" (2008).
Buzz observa Eagle: O astronauta Edwin E."Buzz" Aldrin Jr. olha em direção ao módulo lunar "Eagle" durante a missão Apolo 11, em 1969. Na imagem também aparece a bandeira dos EUA e um sismografo. Não aparece na fotografia, ao lado esquerdo do astronauta, o "Laser Ranging Retro-Reflector" (LR-3) que utiliza o tempo de demora da luz para retornar à Terra para medir a distância entre os dois corpos. Entretando, o LR-3 é mais comumente citato como prova definitiva da ida do homem à Lua. A foto foi tirado por Neil Armstrong. Credit: Neil Armstrong, Apollo 11 Crew, GRIN, NASA
Voltando à Terra: Os primeiros humanos a caminhar por outro mundo (Neil Armstrong e Buzz Aldrin) voam para o modulo lunar para encontrar Michael Collins. Depois da mais famosa viagem dos tempos modernos, é hora de voltar para casa. Créditos: Apollo 11, NASA.
Voyager fotografa Terra: Em 14 de fevereiro de 1990 a Voyager 1 está a 6,4 bilhões de quilômetros de distância (depois da óbita de plutão!), e tira uma fotografia da Terra em que nosso mundo aparece como um "palido ponto azul".
Carl Sagan disse algumas poesias inspirado nesssa foto:
"Olhem de novo para esse ponto. Isso é a nossa casa, isso somos nós. Nele, todos a quem amam, todos a quem conhecem, qualquer um do quem escutaram falar, cada ser humano que existiu, viveram as suas vidas. O agregado da nossa alegria e nosso sofrimento, milhares de religiões autênticas, ideologias e doutrinas econômicas, cada caçador e colheitador, cada herói e covarde, cada criador e destruidor de civilização, cada rei e camponês, cada casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada mestre de ética, cada político corrupto, cada superestrela, cada líder supremo, cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu aí, num grão de pó suspenso num raio de sol.
"A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena cósmica. Pensai nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperadores, para que, na sua glória e triunfo, vieram eles ser amos momentâneos duma fração desse ponto. Pensai nas crueldades sem fim infligidas pelos moradores dum canto deste pixel aos quase indistinguíveis moradores dalgum outro canto, quão frequentes as suas incompreensões, quão ávidos de se matar uns aos outros, quão veementes os seus ódios.
"As nossas exageradas atitudes, a nossa suposta auto-importância, a ilusão de termos qualquer posição de privilégio no Universo, são reptadas por este pontinho de luz frouxa. O nosso planeta é um grão solitário na grande e envolvente escuridão cósmica. Na nossa obscuridade, em toda esta vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de algures para nos salvar de nós próprios.
A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que alberga a vida. Não há mais algum, pelo menos no próximo futuro, onde a nossa espécie puder emigrar. Visitar, pôde. Assentar-se, ainda não. Gostarmos ou não, por enquanto, a Terra é onde temos de ficar.
"Tem-se falado da astronomia como uma experiência criadora de firmeza e humildade. Não há, talvez, melhor demonstração das tolas e vãs soberbas humanas do que esta distante imagem do nosso miúdo mundo. Para mim, acentua a nossa responsabilidade para nos portar mais amavelmente uns para com os outros, e para protegermos e acarinharmos o ponto azul pálido, o único lar que tenhamos conhecido."
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Deus para um ateu
Nesse post apresentamos uma entrevista concedida por Francisco Bressy Junior, psicólogo e ateu bem resolvido, onde conversaremos sobre religião, deus e seus símbolos, e do papel dessas instituições como formadores da identidade.
Nascido numa familia de religião plural, com o pai evangélico, a avó católica, e a mãe frequentando um centro de umbanda. Iniciou a primeira comunhão, mas foi na igreja evangélica onde mais se envolveu com o mundo da fé... antes de abandoná-la.
Rodrigo Amarante Colpo: Como foi o processo para que você abandonasse a religião?
Francisco Bressy Junior: Com o tempo eu comecei a perceber que a ideia de deus oferecida pela religião [evangélica] e a prática das pessoas eram incoerente com o meu deus, ou melhor, com a minha construção de deus. Deixei de conseguir estabelecer uma relação entre essas ideias: a ideia geral de deus, a minha ideia de deus, e a prática geral das pessoas. Deixou de fazer sentido pra mim.
Foi quando eu comecei a questionar os valores que eu tinha introjetado enquanto tinha deus em minha vida: não roubar, não matar, respeito ao próximo, amor. Foi essa a parte mais difícil, pois quando você cresce tendo a religião como referência, roubar passa a ser errado simplesmente porque deus castiga. É bastante simplório, mas deus passa a ser referencia do sim e do não. Do certo e do errado. Deus interfere de uma maneira muito ampla nos nossos valores.
RAC: A concepção de deus daria os princípios morais básicos para as pessoas se comportarem, e sem deus ficamos sem essas referências que partiriam do externo?
FBJ: É claro que esses não são todos os casos, é apenas uma fração deles onde as pessoas têm dificuldade em estabelecer esses princípios sem se referir a deus. Essas foram questões muito difíceis para um adolesce de 14 anos, que não tinha muitas referências sem ser essa. As pessoas que estavam a minha volta também tinham apenas essa referência. Foi bastante doloroso.
RAC: Quer dizer que para você conseguir estar firme nessa posição cética você teve primeiro que passar por essa reformulação de si? Ser capaz de criar os próprios princípios, baseados nas suas vontades, necessidades e desejos? A moral a qual as pessoas se apegam seria por não conseguir construir uma própria?
FBJ: Quando você começa a desenvolver a lógica, você logo percebe que deus não é lógico, mas consegue conviver com isso. Tipicamente passamos por essa fase de questionar o mundo na adolescência, e essa época foi fundamental para eu amadurecer e formar uma personalidade própria, assim como é para todas as pessoas, e as críticas sobre esses assuntos foram sim fundamentais para minha formação. Quando você usa deus como referência, você faz um tipo de construção. Quando você deixa essa ideia de lado, você tem que reelaborar seus valores.
Deus é uma ideia muito antiga. Quando o homem começa a ter uma relação diferente com o mundo daquela que têm os animais, passamos a ter como mediação entre as coisas e as nossas necessidades, o nosso pensamento, a abstração. Passamos a perceber o mundo de uma forma não imediatista. Surge a noção de tempo, de significado, de sentido, e ai eu penso que para esse homem antigo a ideia de deus surge como uma solução fantástica, uma estratégia para dar significado a tudo, porque ele começa a pensar o mundo e esse mundo é destituido de significado perante a morte.
Quando falo do meu ateísmo, a primeira questão que costumam me fazer é sobre a morte: “Então para você morreu, acabou?”. Eu entendo que exista uma dificuldade com essa questão, mas para mim isso nunca foi desesperador. Como disse, o mais difícil foi manter os valores que eu tinha construído sobre os alicerces de deus e da religião.
Então surgiria deus para dar significado a vida e introduzir reguladores sociais baseados na moral. Que outro animal tem a moral na estrutura social? É certo que há regras sociais baseadas na hierarquia, mas é completamente diferente. O homem tem capacidade para fazer perguntas ao mundo, mas se vê constantemente perdido na busca por respostas.
RAC: Há diversos círculos em que deus é utilizado sistematicamente como uma válvula de escape para quando a resposta parece inacessível. Dependendo do assunto em discussão, podemos ouvir com alguma frequência argumentos de autoridade que se resumindo a “porque Deus quer”. Mas a ciência já explica muitas questões que antes eram deixadas para deus, e vemos a ciência passar a ocupar, cada vez mais, um papel semelhante a da religião na vida de muitas pessoas, com o “porque um cientista falou”.
FBJ: As pessoas precisam de respostas, e elas buscam isso em toda parte.
Quando ao tópico anterior, parece que minha visão não explica tudo, porque temos ao longo da evolução humana, muitos milhares de anos, e houve um desenvolvimento cultural e biológico nesse meio tempo. Como se explicaria o apego a uma ideia tão antiga?
Quando se fala de desenvolvimento cultural de um valor que vai passando de geração em geração, como são exemplos os valores morais, falamos de ciclos muito difíceis de serem quebrados. E porque as pessoas não mudam no mesmo ritmo que o desenvolvimento tecnológico e científico? Simplesmente porque as velocidades de transição não são as mesmas, pois as novas tecnologias e a religião interagem com partes muito diferentes do organismo psicológico de todos nós.
Existem algumas teorias dentro da própria ciência que ajudam a explicar esse fenômeno. A herança multifatorial, por exemplo, fala da relação entre nossos genes e o meio ambiente, o que pode afetar o nosso comportamento. Os genes são os mesmos ao longo de toda a nossa vida, mas eles podem vir a ser ativados ou desativados de acordo também com fatores ambientais, sejam eles hormonais, infecciosos ou até do nosso estado de espírito. Ou seja, o ambiente é sim um critério de modificação gênica, que deixa marcas que vêm depois a afetar as próximas gerações.
RAC: A seleção natural, baseada na adaptação, fornece também algumas pistas sobre como a necessidade de deus pode ter passado através dos genes. Por exemplo, uma pessoa em risco eminente de morte e que acredita numa proteção, qualquer que ela seja, terá mais chances de sobrevivência que uma que pensa estar só. Ocorre que nossa mente evoluiu para ser lógica, e basicamente nos tornamos a espécie dominante devido ao nosso cérebro. Portanto, nós avaliamos probabilidades e prevemos comportamentos. Nessa situação de risco acreditar na sobrevalência da pequena chance de sobrevivência, devido a uma interferência externa, é uma vantagem evolutiva. Assim, aquele que crê tem, efetivamente, mais chance de sobreviver e passar seus genes adiante.
FBJ: Sim, é uma outra visão.
RAC: E se a crença em deus é geneticamente motivada, o que levaria algumas pessoas a acreditarem e outras não? Será que as pessoas que questionam a existência de deus não têm tantos apegos emocionais a essa ideia, ou tenham uma visão mais complexa do mundo?
FBJ: É muito difícil falar sobre isso porque pode parecer soberba, e a condição de quem acredita é a mesma de quem não acredita. Não somos diferentes uns dos outros. É apenas um posicionamento diferente que, na minha opinião, traz apenas uma elaboração emocional pouco maior sobre questões como o que é a vida e a morte. Mas isso não se reflete, necessariamente, para outras questões de mundo. Somos todos igualmente bons e competentes.
RAC: Mas é fato que existe uma diferença de paradigma a partir do qual você encara o mundo. Quais são algumas dessas diferenças?
FBJ: Acho que quem não acredita em deus é menos preconceituoso, não só sobre as religiões dos outros, mas também sobre outros aspectos aparentemente alheios à religião. Talvez eu esteja me tomando como exemplo, mas é fato que eu não me sinto pertencente a nenhum grupo especial. Eu não vou nem para o céu, nem para o inferno. Não acredito que meu destino seja diferente ao de qualquer outra pessoa. Não acredito em pecados, mas em relações simbólicas que as pessoas têm com o mundo. Por isso, me sinto pertencente e pertencido à Natureza, onde não há lugares especiais.
E isso é de cada um. Eu percebi que a ideia de deus não é valida para mim, mas para muitas pessoas deus e a religião são uma necessidade. Faz parte da forma delas de elaborar o mundo, e existe uma vantagem psicológica em acreditar em deus.
RAC: E será que as pessoas que crêem em deus acabam externalizando parte da responsabilidade das suas próprias vidas, seja quando pedem ou agradecem por alguma “graça”, como se não fossem elas as responsáveis, seja quando maldizem deus quando algo de ruim lhes acontece? E os ateus, não acreditando nessa entidade, acreditariam mais em si, quando se tornam inteiramente responsáveis por aquilo que fazem, sejam essas coisas ruins ou boas?
FBJ: Quando falamos em biologia, a quê isso lhe remete?
RAC: Ao estudo da vida.
FBJ: Sim. E se eu lhe falar de outros temas que lhe são familiares sempre haverá algo com o qual você associe, que está ligado com a forma como você se relaciona com o tema em si. E na psicologia uma questão fundamental é o simbólico, de forma que não posso afirmar que não acreditar em deus implica numa falta de responsabilidade pelos atos, embora tenha certeza que isso aconteça com alguns crentes.
Eu mesmo sou cheio de defeitos, como qualquer outra pessoa. Há momentos em que eu duvido daquilo que posso alcançar, mas tento acreditar nas minhas forças. Busco ter consciência dos meus defeitos e limitações, que podem ser de ordem genética, ou devido a minha história de vida. Mas o como se formaram as fraquezas e sucessos é irrelevante. O que importa é a relação simbólica que você estabelece com esses fatos, e deus é simbólico.
RAC: "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você" - Sartre.
FBJ: Exatamente. O mundo é simbólico e algumas pessoas precisam de alguns símbolos. Não há problemas com isso. Entretanto, tenho dificuldade em lidar com pessoas que acreditam que a sua verdade é a verdade do outro, e me preocupam pessoas com um ferfor religioso exacerbado, pois essas pessoas geralmente têm certezas que querem impor aos outros. E eu também tenho as minhas certezas, mas são certezas diferentes. Elas têm que incorporar a ideia do outro ao seu mundo.
RAC: E a questão da morte, pode falar um pouco mais sobre isso?
FBJ: (risos) Quando eu era criança tinha um funk que dizia “morreu, fedeu”. Isso tinha uma mensagem: “morreu, acabou”. Mas na Natureza nada desaparece, apenas passa a existir de uma outra forma. O desespero das pessoas é em aceitar que passarão a existir no mundo de uma outra forma que não essa. Mas elas poderão até participar de outras formas de vida.
RAC: Sem dúvida a forma como nossa matéria passará a existir no mundo mudará depois da morte. Mas não te angustia a falta da TUA continuidade?
FBJ: Sou assumidamente alguém que deseja ter filhos. Acho que essa é a forma natural de continuidade. Não preciso buscar por outras formas fantásticas de alcançar essa continuidade.
RAC: “Ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore”. É sobre isso que estamos falando?
FBJ: Sim. Essas são formas de continuar no mundo. Pretendo um dia escrever um livro. Na verdade, não sei se tenho capacidade para tanto, mas sei que tenho capacidade para fazer um filho, então vou investir nisso (risos). Mas você também pode permanecer no mundo pela ação, pelo exemplo, lutando por um mundo melhor, e eu acredito que cultivo essas atitudes.
RAC: Você acredita que a morte trás angústia para as pessoas por pensarem que assim deixarão de fazer parte do mundo?
FBJ: O animal não pensa na morte, o animal só vive, ou seja, existe uma condição biológica em resistir à morte. Entretanto, o animal não tem o cérebro para elaborar essas questões.
RAC: Quer dizer que o cérebro poderia ter conferido a nós um instrumento para resistir à morte utilizando a figura de deus? Racionalizando assim a resistência biológica e natural à morte?
FBJ: Também. Deus tem vários significados, e esse é um deles. Acredito que os mais importantes sejam elaborar a morte e dar sentido à vida.
RAC: “O homem vive no mundo e pergunta pelo sentido da sua existência. É uma velha pergunta da humanidade que não poder ser reduzida ao silêncio. Vivemos e trabalhamos, suportamos encargos e cuidados, sofremos e alegramo-nos, experimentamos êxitos e renúncias, vamos envelhecendo e sabemos que no termo está a morte. Para quê tudo isso? Vale a pena viver? Qual é o sentido do nosso existir?” – E. Coreth [citação completa introduzida posteriormente].
FBJ: Você pode significar sua vida das mais variadas formas. Muitos dos fanáticos religiosos resolvem devotar suas vidas para difundir sua fé, e nisso assumem um grande perigo, pois o que fazem os fanáticos quando alcançam seus objetivos, ou quando percebem que estão alicerçados sobre bases frágeis? Se perdem. Não saberão mais qual sentido dar ao próprio existir, e qualquer ameaça externa aos seus princípios norteadores é prontamente e violentamente rejeitada.
Mas questões de significado são de ordem muito pessoal e de elaboração muito difícil. Como eu não sou religioso, acho que pouca coisa tenho a dizer sobre isso.
[Se você gostou (ou não) do post, dê sua opinião nos comentários. É legal saber que alguém se interessa]
Nascido numa familia de religião plural, com o pai evangélico, a avó católica, e a mãe frequentando um centro de umbanda. Iniciou a primeira comunhão, mas foi na igreja evangélica onde mais se envolveu com o mundo da fé... antes de abandoná-la.
Rodrigo Amarante Colpo: Como foi o processo para que você abandonasse a religião?
Francisco Bressy Junior: Com o tempo eu comecei a perceber que a ideia de deus oferecida pela religião [evangélica] e a prática das pessoas eram incoerente com o meu deus, ou melhor, com a minha construção de deus. Deixei de conseguir estabelecer uma relação entre essas ideias: a ideia geral de deus, a minha ideia de deus, e a prática geral das pessoas. Deixou de fazer sentido pra mim.
Foi quando eu comecei a questionar os valores que eu tinha introjetado enquanto tinha deus em minha vida: não roubar, não matar, respeito ao próximo, amor. Foi essa a parte mais difícil, pois quando você cresce tendo a religião como referência, roubar passa a ser errado simplesmente porque deus castiga. É bastante simplório, mas deus passa a ser referencia do sim e do não. Do certo e do errado. Deus interfere de uma maneira muito ampla nos nossos valores.
RAC: A concepção de deus daria os princípios morais básicos para as pessoas se comportarem, e sem deus ficamos sem essas referências que partiriam do externo?
FBJ: É claro que esses não são todos os casos, é apenas uma fração deles onde as pessoas têm dificuldade em estabelecer esses princípios sem se referir a deus. Essas foram questões muito difíceis para um adolesce de 14 anos, que não tinha muitas referências sem ser essa. As pessoas que estavam a minha volta também tinham apenas essa referência. Foi bastante doloroso.
RAC: Quer dizer que para você conseguir estar firme nessa posição cética você teve primeiro que passar por essa reformulação de si? Ser capaz de criar os próprios princípios, baseados nas suas vontades, necessidades e desejos? A moral a qual as pessoas se apegam seria por não conseguir construir uma própria?
FBJ: Quando você começa a desenvolver a lógica, você logo percebe que deus não é lógico, mas consegue conviver com isso. Tipicamente passamos por essa fase de questionar o mundo na adolescência, e essa época foi fundamental para eu amadurecer e formar uma personalidade própria, assim como é para todas as pessoas, e as críticas sobre esses assuntos foram sim fundamentais para minha formação. Quando você usa deus como referência, você faz um tipo de construção. Quando você deixa essa ideia de lado, você tem que reelaborar seus valores.
Deus é uma ideia muito antiga. Quando o homem começa a ter uma relação diferente com o mundo daquela que têm os animais, passamos a ter como mediação entre as coisas e as nossas necessidades, o nosso pensamento, a abstração. Passamos a perceber o mundo de uma forma não imediatista. Surge a noção de tempo, de significado, de sentido, e ai eu penso que para esse homem antigo a ideia de deus surge como uma solução fantástica, uma estratégia para dar significado a tudo, porque ele começa a pensar o mundo e esse mundo é destituido de significado perante a morte.
Quando falo do meu ateísmo, a primeira questão que costumam me fazer é sobre a morte: “Então para você morreu, acabou?”. Eu entendo que exista uma dificuldade com essa questão, mas para mim isso nunca foi desesperador. Como disse, o mais difícil foi manter os valores que eu tinha construído sobre os alicerces de deus e da religião.
Então surgiria deus para dar significado a vida e introduzir reguladores sociais baseados na moral. Que outro animal tem a moral na estrutura social? É certo que há regras sociais baseadas na hierarquia, mas é completamente diferente. O homem tem capacidade para fazer perguntas ao mundo, mas se vê constantemente perdido na busca por respostas.
RAC: Há diversos círculos em que deus é utilizado sistematicamente como uma válvula de escape para quando a resposta parece inacessível. Dependendo do assunto em discussão, podemos ouvir com alguma frequência argumentos de autoridade que se resumindo a “porque Deus quer”. Mas a ciência já explica muitas questões que antes eram deixadas para deus, e vemos a ciência passar a ocupar, cada vez mais, um papel semelhante a da religião na vida de muitas pessoas, com o “porque um cientista falou”.
FBJ: As pessoas precisam de respostas, e elas buscam isso em toda parte.
Quando ao tópico anterior, parece que minha visão não explica tudo, porque temos ao longo da evolução humana, muitos milhares de anos, e houve um desenvolvimento cultural e biológico nesse meio tempo. Como se explicaria o apego a uma ideia tão antiga?
Quando se fala de desenvolvimento cultural de um valor que vai passando de geração em geração, como são exemplos os valores morais, falamos de ciclos muito difíceis de serem quebrados. E porque as pessoas não mudam no mesmo ritmo que o desenvolvimento tecnológico e científico? Simplesmente porque as velocidades de transição não são as mesmas, pois as novas tecnologias e a religião interagem com partes muito diferentes do organismo psicológico de todos nós.
Existem algumas teorias dentro da própria ciência que ajudam a explicar esse fenômeno. A herança multifatorial, por exemplo, fala da relação entre nossos genes e o meio ambiente, o que pode afetar o nosso comportamento. Os genes são os mesmos ao longo de toda a nossa vida, mas eles podem vir a ser ativados ou desativados de acordo também com fatores ambientais, sejam eles hormonais, infecciosos ou até do nosso estado de espírito. Ou seja, o ambiente é sim um critério de modificação gênica, que deixa marcas que vêm depois a afetar as próximas gerações.
RAC: A seleção natural, baseada na adaptação, fornece também algumas pistas sobre como a necessidade de deus pode ter passado através dos genes. Por exemplo, uma pessoa em risco eminente de morte e que acredita numa proteção, qualquer que ela seja, terá mais chances de sobrevivência que uma que pensa estar só. Ocorre que nossa mente evoluiu para ser lógica, e basicamente nos tornamos a espécie dominante devido ao nosso cérebro. Portanto, nós avaliamos probabilidades e prevemos comportamentos. Nessa situação de risco acreditar na sobrevalência da pequena chance de sobrevivência, devido a uma interferência externa, é uma vantagem evolutiva. Assim, aquele que crê tem, efetivamente, mais chance de sobreviver e passar seus genes adiante.
FBJ: Sim, é uma outra visão.
RAC: E se a crença em deus é geneticamente motivada, o que levaria algumas pessoas a acreditarem e outras não? Será que as pessoas que questionam a existência de deus não têm tantos apegos emocionais a essa ideia, ou tenham uma visão mais complexa do mundo?
FBJ: É muito difícil falar sobre isso porque pode parecer soberba, e a condição de quem acredita é a mesma de quem não acredita. Não somos diferentes uns dos outros. É apenas um posicionamento diferente que, na minha opinião, traz apenas uma elaboração emocional pouco maior sobre questões como o que é a vida e a morte. Mas isso não se reflete, necessariamente, para outras questões de mundo. Somos todos igualmente bons e competentes.
RAC: Mas é fato que existe uma diferença de paradigma a partir do qual você encara o mundo. Quais são algumas dessas diferenças?
FBJ: Acho que quem não acredita em deus é menos preconceituoso, não só sobre as religiões dos outros, mas também sobre outros aspectos aparentemente alheios à religião. Talvez eu esteja me tomando como exemplo, mas é fato que eu não me sinto pertencente a nenhum grupo especial. Eu não vou nem para o céu, nem para o inferno. Não acredito que meu destino seja diferente ao de qualquer outra pessoa. Não acredito em pecados, mas em relações simbólicas que as pessoas têm com o mundo. Por isso, me sinto pertencente e pertencido à Natureza, onde não há lugares especiais.
E isso é de cada um. Eu percebi que a ideia de deus não é valida para mim, mas para muitas pessoas deus e a religião são uma necessidade. Faz parte da forma delas de elaborar o mundo, e existe uma vantagem psicológica em acreditar em deus.
RAC: E será que as pessoas que crêem em deus acabam externalizando parte da responsabilidade das suas próprias vidas, seja quando pedem ou agradecem por alguma “graça”, como se não fossem elas as responsáveis, seja quando maldizem deus quando algo de ruim lhes acontece? E os ateus, não acreditando nessa entidade, acreditariam mais em si, quando se tornam inteiramente responsáveis por aquilo que fazem, sejam essas coisas ruins ou boas?
FBJ: Quando falamos em biologia, a quê isso lhe remete?
RAC: Ao estudo da vida.
FBJ: Sim. E se eu lhe falar de outros temas que lhe são familiares sempre haverá algo com o qual você associe, que está ligado com a forma como você se relaciona com o tema em si. E na psicologia uma questão fundamental é o simbólico, de forma que não posso afirmar que não acreditar em deus implica numa falta de responsabilidade pelos atos, embora tenha certeza que isso aconteça com alguns crentes.
Eu mesmo sou cheio de defeitos, como qualquer outra pessoa. Há momentos em que eu duvido daquilo que posso alcançar, mas tento acreditar nas minhas forças. Busco ter consciência dos meus defeitos e limitações, que podem ser de ordem genética, ou devido a minha história de vida. Mas o como se formaram as fraquezas e sucessos é irrelevante. O que importa é a relação simbólica que você estabelece com esses fatos, e deus é simbólico.
RAC: "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você" - Sartre.
FBJ: Exatamente. O mundo é simbólico e algumas pessoas precisam de alguns símbolos. Não há problemas com isso. Entretanto, tenho dificuldade em lidar com pessoas que acreditam que a sua verdade é a verdade do outro, e me preocupam pessoas com um ferfor religioso exacerbado, pois essas pessoas geralmente têm certezas que querem impor aos outros. E eu também tenho as minhas certezas, mas são certezas diferentes. Elas têm que incorporar a ideia do outro ao seu mundo.
RAC: E a questão da morte, pode falar um pouco mais sobre isso?
FBJ: (risos) Quando eu era criança tinha um funk que dizia “morreu, fedeu”. Isso tinha uma mensagem: “morreu, acabou”. Mas na Natureza nada desaparece, apenas passa a existir de uma outra forma. O desespero das pessoas é em aceitar que passarão a existir no mundo de uma outra forma que não essa. Mas elas poderão até participar de outras formas de vida.
RAC: Sem dúvida a forma como nossa matéria passará a existir no mundo mudará depois da morte. Mas não te angustia a falta da TUA continuidade?
FBJ: Sou assumidamente alguém que deseja ter filhos. Acho que essa é a forma natural de continuidade. Não preciso buscar por outras formas fantásticas de alcançar essa continuidade.
RAC: “Ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore”. É sobre isso que estamos falando?
FBJ: Sim. Essas são formas de continuar no mundo. Pretendo um dia escrever um livro. Na verdade, não sei se tenho capacidade para tanto, mas sei que tenho capacidade para fazer um filho, então vou investir nisso (risos). Mas você também pode permanecer no mundo pela ação, pelo exemplo, lutando por um mundo melhor, e eu acredito que cultivo essas atitudes.
RAC: Você acredita que a morte trás angústia para as pessoas por pensarem que assim deixarão de fazer parte do mundo?
FBJ: O animal não pensa na morte, o animal só vive, ou seja, existe uma condição biológica em resistir à morte. Entretanto, o animal não tem o cérebro para elaborar essas questões.
RAC: Quer dizer que o cérebro poderia ter conferido a nós um instrumento para resistir à morte utilizando a figura de deus? Racionalizando assim a resistência biológica e natural à morte?
FBJ: Também. Deus tem vários significados, e esse é um deles. Acredito que os mais importantes sejam elaborar a morte e dar sentido à vida.
RAC: “O homem vive no mundo e pergunta pelo sentido da sua existência. É uma velha pergunta da humanidade que não poder ser reduzida ao silêncio. Vivemos e trabalhamos, suportamos encargos e cuidados, sofremos e alegramo-nos, experimentamos êxitos e renúncias, vamos envelhecendo e sabemos que no termo está a morte. Para quê tudo isso? Vale a pena viver? Qual é o sentido do nosso existir?” – E. Coreth [citação completa introduzida posteriormente].
FBJ: Você pode significar sua vida das mais variadas formas. Muitos dos fanáticos religiosos resolvem devotar suas vidas para difundir sua fé, e nisso assumem um grande perigo, pois o que fazem os fanáticos quando alcançam seus objetivos, ou quando percebem que estão alicerçados sobre bases frágeis? Se perdem. Não saberão mais qual sentido dar ao próprio existir, e qualquer ameaça externa aos seus princípios norteadores é prontamente e violentamente rejeitada.
Mas questões de significado são de ordem muito pessoal e de elaboração muito difícil. Como eu não sou religioso, acho que pouca coisa tenho a dizer sobre isso.
[Se você gostou (ou não) do post, dê sua opinião nos comentários. É legal saber que alguém se interessa]
domingo, 26 de dezembro de 2010
As Melhores Fotos em Astronomia - 1/5
Esse é o primeiro de cinco posts onde vou dividir com vocês uma seleção muito particular que fiz das que considero ser algumas das melhores fotos do céu (asseguro que foi muito trabalhosa a seleção).
A proposta é que a cada novo post as objetivas das câmeras fotográficas e sensores fotossensíveis dos telescópios foquem em objetos cada vez mais distantes. Acrescentei abaixo de cada foto uma pequena descrição, porque entender o que se está observando, nesse caso, faz parte da magia.
Lembro que é possível clicar sobre as fotos para vê-las em maior resolução. Espero que gostem!
Nuvens noctilucent sobre a Suécia: Algumas vezes é noite no chão, mas ainda dia no céu: enquanto a Terra gira para encobrir o Sol, sua sombra se faz desde o chão, e vai, aos poucos, subindo às alturas. Geralmente esse fenômeno produz um belo pôr do Sol, mas quando as nuvens em questão são noctilucent, as mais altas nuvens formadas em nossa atmosfera, então você tem um momento espetácular! Créditos: P-M Hedén
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Nuvens, pássaros, Lua e Vênus: Foto tirada durante um pôr do Sol em setembro de 2010, quando Vênus era visto próximo a Lua crescente. Na parte inferior da imagem, há negras nuvens de tempestade, e acima, nuvens anvil tomam forma. Créditos: Isaac Gutiérrez Pascual |
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Aurora sobre o Alasca: 2010 foi um ano de incríveis auroras (também chamadas de northern lights no hemisfério norte). Elas podem ser, a primeira vista, confundidas com nuvens a refletir o luar. Mas diferentemente de nuvens, a luz da aurora é própria, e ela não bloqueia as estrelas que estão por detrás. Auroras são formadas pela colisão entre partículas carregadas da magnetorsfera e moléculas do ar da alta atmosfera. Algumas delas são previstas para alguns dias após um grande evento magnético vindo do Sol. Crédito: Paul Alsop |
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Aurora e trilha das estrelas sobre o Canadá: Com uma câmera, um tripé e um bom tempo de exposição (ou a união de vários curtos) é possível capturar o movimento de rotação da Terra, tornado óbvio quando as estrelas parecem se alongar no céu. E se você estiver próximo aos pólos terrestres, você pode também ter a sorte a capturar belas auroras. (Foto tirada durante a madrugada de 1º de março) Créditos: Yuichi Takasaka / TWAN / www.blue-moon.ca |
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Eclipse total na Antártica: O Sol, a Lua, a Antártica e dois fotográfos, todos se alinharam durante um eclipse solar total em 2003. Quando a "inesperada" escuridão dominou, a coroa solar se tornou visível à volta da Lua. Créditos: Fred Bruenjes (moonglow.net) |
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Lua e planetas pela manhã: Numa só foto estão Mercurio, Vênus, Saturno e a Lua crescente, durante um amanhecer na Alemanha. Créditos: Stefan Seip (TWAN). |
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Folha, gelo e Orion: As partículas de gelo na folha parecem imitar as estrelas brilhando longe no céu. A grande estrela azul é Sirius, a mais bilhante do nosso céu. A azul menor é Riguel, e mais acima temos a gigante vermelha Betelgelse. Entre Riguel e Betelgelse, as três marias (que fazem parte da constelação de Orion e representa o cinto do caçador). Bem a esquerda, próximo de uma árvore, temos um meteoro, e atrás delas temos o risco de um avião. (Foto tirada com uma Canon em 42 segundos de exposição) Créditos: Masahiro Miyasaka |
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Noite estrelada em Foz do Iguaçu: Foto tirada em 4 de maio no Parque Nacional do Iguaçu, que faz fronteira com a Argentina. É muito nítido o braço de Órion da Via Láctea, onde está o Sistema Solar. Seguindo a Via Láctea, da esquerda para a direita, temos a Alfa (geralmente a mais brilhante da constelação) de Centauro e a Beta de Centauro; um pouco mais a direita temos o Cruzeiro do Sul e já bem a direita temos Sirius. Créditos: Babak Tafreshi (TWAN) |
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A estrada de leite: "Via Lactea" é uma expressão em latim que significa estrada/caminho de leite. É assim chamada pois os gregos olhavam o céu e viam ali leite derramado. Segundo sua mitologia, para que Hércules se tornasse imortal, ele deveria ser amamentado quando criança pelo seio de sua madrasta Hera, mulher de Zeus (chamado de Júpiter na mitologia romana). Hermes (Mercúrio, para os romanos), outro filho de Zeus, colocou a criança no seio de Hera enquanto ela dormia. Entretanto, Hera acordou enquanto amamentava e notou que estava alimentando um bebê desconhecido. A deusa empurrou o bebê e um jato de seu leite se espalhou pelo céu noturno, produzindo a faixa de luz conhecida como Via Láctea. Outras incríveis fantasias de Larry Landolfi podem ser vistas aqui. Créditos: Larry Landolfi |
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Mecanismos complicados expressos em animações simples
Recebi por e-mail animações muito bem elaboradas que explicam o funcionamento de alguns motores. Gostei e compartilho, mas desconheço a autoria. (Para as animações que parecem não querer se animar, basta clicar sobre elas).
Máquina de Costura: Basicamente, a máquina consiste num mecanismo que faz mover uma agulha na ponta da qual está enfiada uma linha que é em cada movimento de passagem pelo tecido enrolada noutra linha colocada numa bobine separada. O movimento pode ser feito manualmente, por meio de um pedal ou por um motor elétrico. Desenvolvido em 1790:
Motores Radiais: São usados em aviões, possuindo uma hélice conectada ao eixo que disponibiliza a potência para produzir o empuxo necessário para mover o avião. Desenvolvido em 1970:
Princípio do Motor a Vapor: os motores a Vapor utilizados nas locomotivas mais antigas eram baseados no princípio da reciprocidade. Desenvolvido em 1698:
Máquina de Costura: Basicamente, a máquina consiste num mecanismo que faz mover uma agulha na ponta da qual está enfiada uma linha que é em cada movimento de passagem pelo tecido enrolada noutra linha colocada numa bobine separada. O movimento pode ser feito manualmente, por meio de um pedal ou por um motor elétrico. Desenvolvido em 1790:
Mecanismo Maltese Cruzado: Este tipo de mecanismo é muito utilizado em relógios para comandar o movimento dos segundeiros. Desenvolvido em 1893:
Junta de Velocidade Constante: Este mecanismo é utilizado nos veículos de tração dianteira, como forma de transmitir tração mesmo com a torção das rodas (junta homocinética). Desenvolvido em 1926:
Motor Rotatório: Também chamado de motor Wankel, é um motor de combustão interna que possui um desenho único de conversão de pressão em rotação em vez de pistões recíprocos. Desenvolvido em 1957:
Caixa de Câmbio: O mecanismo também chamado de “Palanca de Mudanças” é largamente utilizado em automóveis para troca de engrenagens de tração de forma manual. Desenvolvido 1961:
Motores Radiais: São usados em aviões, possuindo uma hélice conectada ao eixo que disponibiliza a potência para produzir o empuxo necessário para mover o avião. Desenvolvido em 1970:
Sistema de Torpedos em Destroyers: Este mecanismo é utilizado em navios Destroyers para operações militares. Os modernos Destroyers começaram a navegar na década de 90.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
A Brutalidade da Guerra (WikiLeaks)
Tenho acompanhado de longe a recente movimentação que tem havido em torno da Wikileaks, uma empresa sem fins lucrativos, sediada na Suíça, e que publica na rede material dito confidencial, por fontes que têm sua identidade preservada.
Para ver mais de perto o que está acontecendo à volta da WikiLeaks, fui direto à fonte, ou seja, em http://wikileaks.org/. Para minha surpresa, o site não carregou. Pensei por um momento que fosse minha conexão que tivesse caído, (o que, infelizmente, ocorre com alguma frequência) mas logo descobri que o problema não estava desse lado do roteador.
Fui encontrar o site da Wikileaks em http://213.251.145.96/. O endereço tem toda a cara de um protocolo FTP, mas é um "mirror". Quer dizer, alguém fez o download integral do site para disponibilizá-lo na rede. Loucura, não?
Pesquisando a respeito, encontrei a seguinte matéria, publicada pelo http://ultimosegundo.ig.com.br, que transcrevo excertos:
"O WikiLeaks anunciou nesta quarta-feira que a Amazon.com o expulsou de seus servidores, forçando o site a voltar para um provedor sueco.
O senador americano Joe Lieberman disse que a medida da Amazon.com foi tomada depois de membros do Congresso terem pedido na terça-feira à companhia que repensasse seu relacionamento com o WikiLeaks.
[...] As revelações do último lote de documentos publicados pelo WikiLeaks provocou um tumulto diplomático mundial, ao divulgar documentos secretos de embaixadas americanas na internet. As correspondências fazem parte do pacote de mais de 250 mil comunicações entre embaixadas e outros canais diplomáticos americanos aos quais o site WikiLeaks teve acesso e que começou a vazar no domingo."
Dois dias depois desse último "leak", em 30 de novembro, a Interpol emitiu o equivalente a uma ordem internacional de prisão a Julian Assange, o fundador da Wikileaks, por estupro de duas mulheres. Assange se entregou em Londres, e se defende afirmando que trata-se de uma prisão política, ressaltando que não pôde pagar fiança para ser libertado.
Antes desse disso, em 22 de outubro de 2010, o site publicou relatórios da Guerra do Iraque produzidos entre 2004 e 2009, e que segundo estudo feito pela agência de notícias IBC, há neles registradas cerca de 150.000 mortes violentas, sendo 80% de civis.
Para se ter uma relação menos "estatisticalizada" com esses dados, e ver "ver" as informações que o site vem publicando (esse no início de 2010), abaixo está um vídeo (resumido) em que soldados americanos, do alto de um helicóptero, matam 12 pessoas por confundir câmeras de jornalistas da Routers com armas. Recomendo fortemente que essas imagens façam parte do seu repertório cultural e que vivencies as emoções que ele proporciona:
É estranho quando é, de fato, um "filme da vida real", com "personagens" cuja tentativa de fuga não é encenada. É impossível ouvir falarem "Eu acho que [o tanque] acabou de passar por cima de um corpo" e "É culpa deles por trazer suas crianças para a batalha" sem ficar com um ódio no coração. Muito me chocou a liberdade com que essas vidas foram tiradas.
Dentre as diversas retaliações que o site vem sofrendo, figuram o bloqueio de seu acesso em território chinês, tailandês e dentro da Biblioteca do Congresso Americano. A Moneybookers e os cartões MasterCard e Visa também lhes fazem coro, deixando de receber doações destinadas à Wikileaks (apesar de aceitarem doações para a Ku Klux Klan).
Então, com o terceiro grande vazamento (os dois anteriores foram de documentos da Guerra do Afeganistão e do Iraque), o guerra do Oriente se reconfigurou num jogo de poder, onde uma série de instituições parecem estar estranhamente relacionadas: como diria o slogan do filme sobre o Facebook, "você não consegue 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos". Com isso, a Amazon cedeu e os cartões capitularam. Mas qual o preço que nós, enquanto sociedade, devemos pagar por isso? Como pode o poder sobrepassar a lei para se fazer valer? Nesse jogo de mundo, os endinheirados e poderosos parecem ser uma grande quadrilha, onde todos têm o rabo preso, como a denúncia feita por Tropa de Elite 2, mas numa escala muito mais perigosa.
Sobre essa malha de poderes até o nosso ainda presidente dá seu pitaco:
"O rapaz estava colocando apenas o que ele leu. E se ele leu porque alguém escreveu, o culpado não é quem divulgou, o culpado é quem escreveu". Me parece um pouco ingênuo, mas, com certeza, não é de Assange a culpa de 80% das mortes no Iraque serem de civis.
Há também no Irã, Austrália, EUA e França autoridades que expressam suas opiniões sobre a WikiLeaks: "é uma organização terrorista estrangeira", "é irresponsável e ilegal", "representa um claro e presente perigo à segurança nacional dos EUA", "é inaceitável que seu site esteja hospedado na França". Esses se referiam, muito provavelmente, ao vazamento de informação diplomática do último 28 de novembro. Entretanto, a WikiLeaks oferece apenas um espaço para a divulgação de documentos, garantindo o anonimato daquele que, de fato, obtém a informação, o que não é legalmente punível. (apesar do nome, a WikiLeaks não é editável como a Wikipédia).
Não ser punível por lei não significa que seja eticamente correto, e sobre a WikiLeaks há quem diga que ela é dolosa à democracia na divulgação de informações, tendo em vista que a democracia necessita da diplomacia, que diplomacia necessita da confidencialidade de comunicação, e que a Wiki teria violado tal confidencialidade. Entretanto, se há quem queira tornar público, gratuitamente, informações, também há aqueles dispostos a trocá-la com governos estrangeiros por um bom malote de dinheiro. Nesse cenário a Wiki evidencia falhas no sistema e talvez evite males que poderiam ser maiores.
Para ver mais de perto o que está acontecendo à volta da WikiLeaks, fui direto à fonte, ou seja, em http://wikileaks.org/. Para minha surpresa, o site não carregou. Pensei por um momento que fosse minha conexão que tivesse caído, (o que, infelizmente, ocorre com alguma frequência) mas logo descobri que o problema não estava desse lado do roteador.
Fui encontrar o site da Wikileaks em http://213.251.145.96/. O endereço tem toda a cara de um protocolo FTP, mas é um "mirror". Quer dizer, alguém fez o download integral do site para disponibilizá-lo na rede. Loucura, não?
Pesquisando a respeito, encontrei a seguinte matéria, publicada pelo http://ultimosegundo.ig.com.br, que transcrevo excertos:
"O WikiLeaks anunciou nesta quarta-feira que a Amazon.com o expulsou de seus servidores, forçando o site a voltar para um provedor sueco.
O senador americano Joe Lieberman disse que a medida da Amazon.com foi tomada depois de membros do Congresso terem pedido na terça-feira à companhia que repensasse seu relacionamento com o WikiLeaks.
[...] As revelações do último lote de documentos publicados pelo WikiLeaks provocou um tumulto diplomático mundial, ao divulgar documentos secretos de embaixadas americanas na internet. As correspondências fazem parte do pacote de mais de 250 mil comunicações entre embaixadas e outros canais diplomáticos americanos aos quais o site WikiLeaks teve acesso e que começou a vazar no domingo."
Dois dias depois desse último "leak", em 30 de novembro, a Interpol emitiu o equivalente a uma ordem internacional de prisão a Julian Assange, o fundador da Wikileaks, por estupro de duas mulheres. Assange se entregou em Londres, e se defende afirmando que trata-se de uma prisão política, ressaltando que não pôde pagar fiança para ser libertado.
Antes desse disso, em 22 de outubro de 2010, o site publicou relatórios da Guerra do Iraque produzidos entre 2004 e 2009, e que segundo estudo feito pela agência de notícias IBC, há neles registradas cerca de 150.000 mortes violentas, sendo 80% de civis.
Para se ter uma relação menos "estatisticalizada" com esses dados, e ver "ver" as informações que o site vem publicando (esse no início de 2010), abaixo está um vídeo (resumido) em que soldados americanos, do alto de um helicóptero, matam 12 pessoas por confundir câmeras de jornalistas da Routers com armas. Recomendo fortemente que essas imagens façam parte do seu repertório cultural e que vivencies as emoções que ele proporciona:
É estranho quando é, de fato, um "filme da vida real", com "personagens" cuja tentativa de fuga não é encenada. É impossível ouvir falarem "Eu acho que [o tanque] acabou de passar por cima de um corpo" e "É culpa deles por trazer suas crianças para a batalha" sem ficar com um ódio no coração. Muito me chocou a liberdade com que essas vidas foram tiradas.
Dentre as diversas retaliações que o site vem sofrendo, figuram o bloqueio de seu acesso em território chinês, tailandês e dentro da Biblioteca do Congresso Americano. A Moneybookers e os cartões MasterCard e Visa também lhes fazem coro, deixando de receber doações destinadas à Wikileaks (apesar de aceitarem doações para a Ku Klux Klan).
Então, com o terceiro grande vazamento (os dois anteriores foram de documentos da Guerra do Afeganistão e do Iraque), o guerra do Oriente se reconfigurou num jogo de poder, onde uma série de instituições parecem estar estranhamente relacionadas: como diria o slogan do filme sobre o Facebook, "você não consegue 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos". Com isso, a Amazon cedeu e os cartões capitularam. Mas qual o preço que nós, enquanto sociedade, devemos pagar por isso? Como pode o poder sobrepassar a lei para se fazer valer? Nesse jogo de mundo, os endinheirados e poderosos parecem ser uma grande quadrilha, onde todos têm o rabo preso, como a denúncia feita por Tropa de Elite 2, mas numa escala muito mais perigosa.
Sobre essa malha de poderes até o nosso ainda presidente dá seu pitaco:
"O rapaz estava colocando apenas o que ele leu. E se ele leu porque alguém escreveu, o culpado não é quem divulgou, o culpado é quem escreveu". Me parece um pouco ingênuo, mas, com certeza, não é de Assange a culpa de 80% das mortes no Iraque serem de civis.
Há também no Irã, Austrália, EUA e França autoridades que expressam suas opiniões sobre a WikiLeaks: "é uma organização terrorista estrangeira", "é irresponsável e ilegal", "representa um claro e presente perigo à segurança nacional dos EUA", "é inaceitável que seu site esteja hospedado na França". Esses se referiam, muito provavelmente, ao vazamento de informação diplomática do último 28 de novembro. Entretanto, a WikiLeaks oferece apenas um espaço para a divulgação de documentos, garantindo o anonimato daquele que, de fato, obtém a informação, o que não é legalmente punível. (apesar do nome, a WikiLeaks não é editável como a Wikipédia).
Não ser punível por lei não significa que seja eticamente correto, e sobre a WikiLeaks há quem diga que ela é dolosa à democracia na divulgação de informações, tendo em vista que a democracia necessita da diplomacia, que diplomacia necessita da confidencialidade de comunicação, e que a Wiki teria violado tal confidencialidade. Entretanto, se há quem queira tornar público, gratuitamente, informações, também há aqueles dispostos a trocá-la com governos estrangeiros por um bom malote de dinheiro. Nesse cenário a Wiki evidencia falhas no sistema e talvez evite males que poderiam ser maiores.
Já o vazamento de informações de guerra, como o chocante vídeo acima, vem a reforçar a crescente opinião popular contrária a manutenção da guerra do Iraque, por ter agora argumentos de ordem moral mais robustos a somar com os de ordem econômica, que vêm afetando enormemente os cofres públicos estadunidenses.
Hoje os poderosos se debatem por verem desmantelada diversas de suas articulações políticas, e querem um culpado, querem uma cabeça. Na contramão, há milhares de usuários da web que fazem pressão a favor da liberdade de expressão, com ferramentas como a Avaaz.org, que apesar de popular e pacifista, já alcançou grandes vitórias, como acelerar a votação da Lei Ficha Limpa.
Agora me pergunto: quem irá vencer nesse cabo de guerra? Conseguirão evitar futuros vazamentos? (eu tenho um palpite)
Agora me pergunto: quem irá vencer nesse cabo de guerra? Conseguirão evitar futuros vazamentos? (eu tenho um palpite)
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